O isolamento nesses longos meses de pandemia nos fez perceber o quanto as artes são necessárias para sobreviver diante o caos. Isolados em casa as mais variadas manifestações artísticas foram passaportes para outros mundos e tempos, deixando um pouco de lado a solidão que nos assola em um período de dúvidas e incertezas.
Falando de forma pessoal, a leitura e a música sempre foram fundamentais na minha caminhada e agora não foi diferente. Como estou falando de paixões, quando a literatura vem com musicalidade o meu mundo parece mais completo, afinal, as duas expressões são semelhantes pelo lirismo, sensibilidade e poesia.
O autor e o compositor são utópicos, cronistas da vida cotidiana, e retiram do comum a expressão da beleza mais intensa e sublime. Descrevem a dor do outro, a alegria incontida, o choro silente. Narram o sentimento e nas linhas e tons escrevem estrelas no infinito.
Pois bem, unindo o último ao agradável indico três livros sobre música ou sobre a história desta:
A Noite do meu Bem – Ruy Castro
O livro de 2015 narra a história de um dos momentos mais efusivos no Brasil, que foram os anos 1950 e o início de 1960. Dentre os marcos políticos no qual cita a morte de Getúlio Vargas e a construção de Brasília no governo Juscelino Kubitschek, o autor narra o nascer das boates brasileiras e todo seu glamour. Golden Room, Arpege, Drink, Vogue eram nomes marcantes de clubes noturnos onde surgiu o “Samba Canção”, ritmo antecessor da “Bossa Nova”. Os personagens do livro são os principais nomes da música brasileira: Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Jonnhy Alf, Dolores Duran e muitas estrelas que brilham em um país que valorizava a música brasileira e sua sofisticação.