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Cinemateca Brasileira pede socorro

 

 

A memória dos últimos 120 anos do cinema e do audiovisual brasileiro pode ser apagada num instante. Maior acervo de imagens em movimento da América Latina, a Cinemateca Brasileira guarda consigo cerca de 245 mil rolos, 30 mil filmes e um milhão de documentos, como fotos, roteiros, livros, cartazes, storyboards. Um rombo no orçamento ameaça a sua preservação. Em meio às crises que se estabelecem no Brasil, a Cinemateca pede socorro.

Valores simbólicos e tangíveis podem virar pó. O equipamento, vinculado à Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal desde 2018, passa por uma grave crise de gestão. A organização social que a administra, Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (ACERP), é, também, a empresa gestora da TV Escola. Por iniciativa do Ministério da Educação, sob o comando do ex-ministro Abraham Weintraub, o contrato do Governo Federal com a Acerp foi unilateralmente encerrado em dezembro de 2019. Weintraub queria reformular a TV por questões ideológicas. Desde então, a Acerp não obteve repasse do Governo Federal para a manutenção da instituição.

A Secretaria Especial da Cultura, responsável pela Cinemateca Brasileira, está dividida entre os ministérios da Cidadania e do Turismo; a pasta recebeu, em menos de dezessete meses, a nomeação de cinco diferentes secretários. Na última sexta-feira, 19 de junho, o ator Mário Frias assumiu o cargo deixado por Regina Duarte em 20 de maio.

Em ofício, o Ministério Público Federal pediu à Procuradoria a adoção de providências. No documento, o alerta: após cinco meses desde o início do ano, a Cinemateca ainda não tinha recebido nenhuma parcela do orçamento fixado para 2020.

A instituição, que passou por quatro incêndios desde a sua fundação, tem uma dívida de R$ 450 mil com a companhia que fornece energia elétrica. A preservação demanda cuidados técnicos especializados e conservação em baixa temperatura e umidade relativa. Caso a energia do local seja cortada, interrompendo o sistema de refrigeração, todo o patrimônio audiovisual do Brasil pode ser apagado. E será irreversível.

Os 62 trabalhadores estão com salários atrasados há pelo menos três meses e sem garantia de emprego: equipes de preservação, restauro e difusão, arquivistas, documentalistas, pesquisadores, bibliotecários, administradores, agentes de segurança, operadores de infraestrutura e limpeza. A Cinemateca perde técnicos experientes de longa data, estagiários, jovens aprendizes, contratos de prestação de serviço.

Em 12 de junho de 2020, trabalhadores da Cinemateca e da TV Escola paralisaram suas atividades. Frente à pandemia, os funcionários não possuem qualquer fonte de renda.

S.O.S Cinemateca Brasileira

O Manifesto pela Cinemateca Brasileira, em defesa da instituição como patrimônio da sociedade, foi assinado por entidades, funcionários, artistas e instituições nacionais e internacionais, como o Festival de Cannes e a Cinemateca Francesa. O movimento S.O.S Cinemateca Brasileira defende, ao lado da sociedade civil e da classe artística, o funcionamento da instituição e a manutenção do seu quadro de funcionários.

Para ajudar os trabalhadores da Cinemateca e suas famílias, basta acessar o link da campanha de arrecação virtual: https://benfeitoria.com/trabalhadoresdacinemateca.

Conheça a História da Cinemateca:

 

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