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“ENTRE O PASSADO”: MATERNIDADE EM REFLEXÃO

Um rasgo acontece na ferida aberta da cidade. Uma menina grávida com um garotinho do lado, possivelmente seu filho, pede por um cigarro ao homem que vende bombons na parada de ônibus. Os dois fumam o cigarro juntos. A menina e a criança. Uma cena forte, mas corriqueira em grandes centros urbanos. As pessoas, aquelas poucas que percebem o entorno, pasmam por alguns instantes, mas sabem que não é seguro pensar sobre aquilo. É mais confortável manter distância. E a vida segue na desigualdade nossa de cada dia. Mas a vida não seguiu a mesma para Larissa, estudante de cinema que presenciou o episódio. O peso da realidade que caiu em seus ombros naquele dia fez surgir questionamentos, sobretudo sobre a maternidade. E desde então, o alarme interno fazia com que aquela cena voltasse pra ela, se esgueirando em seus pensamentos e contornando as beiradas do seu imaginativo até fazer despontar na mente a ideia de articular suas percepções na execução de um curta. 

“Entre o Passado” nasceu de questionamentos e reflexões sobre a maternidade e a maneira como ela é imposta no entendimento de futuro obrigatório de toda menina. A obra se passa no dia do velório da Aparecida, avó do Anderson, de quem cuidou quando a mãe, Conceição, que não se encaixa nos padrões do ideal de mãe, precisou partir. É sobre o reencontro de mãe e filho que se reúnem em torno do luto e da dor da perda enquanto residem no conflito de entender o lugar que ocupam na vida um do outro e a natureza dos sentimentos despertados na tentativa de reconexão. 

Em conversa com o Mural, Larissa afirmou que pretende emocionar o público e espera conseguir transmitir às pessoas as emoções dos personagens e a profundidade de seus sentimentos. Ela também expôs as dificuldades adicionais que o isolamento social acrescenta no regime de funcionamento da produção, uma vez que as reuniões e conversas com os atores se tornaram online e se faz necessária uma maior preocupação durante todo o processo. Larissa ressalta que tudo é pensado para ser resolvido com o maior distanciamento possível. 

Conversamos ainda sobre suas impressões a respeito do atual cenário cultural do país. A estudante expressou desagrado quanto à manutenção da cultura nacional (ou a falta dela) feita pelo governo em vigência, afirmando ser um tanto desestimulante a falta de apoio. Mas destaca que existe grande movimento no ambiente cultural, e que as vozes da representatividade têm soado cada vez mais altas e claras. “A gente não vai deixar de estar aqui e ocupar esse espaço”, reforça. 

Para ser realizado, o curta precisa de apoio financeiro. Para ajudar, basta acessar o link https://www.catarse.me/entre_o_passado_curta_metragem_fea9?ref=ctrse_explore_pgsearch&project_id=125857&project_user_id=1483622#about e contribuir com algum valor. No link também contém mais informações sobre o curta e recompensas reservadas àqueles que colaborarem.

 

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