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4 FILMES LGBTQ+ PARA CELEBRAR O AMOR

Em 17 de maio de 1990 a OMS retirou a homossexualidade da lista de doenças e, desde então, é nessa data que se comemora o Dia Internacional contra a Homofobia. Dentre outras várias respostas de enfrentamento ao preconceito está a representatividade. Já imaginou uma realidade onde as grandes produções do cinema não contemplam a sua existência e sexualidade? Impensável, né? Ter diferentes possibilidades de afeto sob os holofotes é imprescindível para a identificação e construção das identidades plurais.

Em homenagem à data emblemática, aí vai uma lista com alguns dos filmes com temática LGBTQ+ (todos premiadíssimo e super aclamados) preferidos dessa jovem amante da sétima arte que vos fala.

1. CAROL (2015)

Elegante, suave e sensível, Carol é um passeio delicioso que nos leva de volta aos anos 50 para contar a história de duas mulheres que se descobrem na partilha de uma paixão irresistível. Therese Belivet (Rooney Mara) é uma jovem e inexperiente aspirante à fotógrafa que trabalha em uma loja de departamento em Nova York. Por obra do acaso (ou destino), é atrás do balcão que ela conhece Carol Aird (Cate Blanchett), uma mulher madura e misteriosa.

O diretor Todd Haynes conduz o romance através de uma sutileza fascinante. Seu senso estético refinado contribui para a atmosfera envolvente da trama que nos presenteia com uma delicadeza emocionante. As atuações brilhantes das protagonistas dão a temperatura perfeita para o filme. Os diálogos mais bonitos se dão no silêncio, onde gestos e olhares falam textos belíssimos.

Elenco, ambientação, fotografia, paleta de cores, roteiro e trilha sonora são apenas alguns dos aspectos arrebatadores que fizeram de Carol um dos filme mais premiados e elogiados de 2015.

Indiscutivelmente charmoso, hipnotizante, inteligente e lindo, lindo, lindo. Corre que tá disponível na Netflix!

2. MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR (2016)

Pode entrar, primeira produção LGBTQ+ a ganhar Oscar de melhor filme!

Com um elenco totalmente negro, Moonlight retrata a caminhada pela autodescoberta do garoto Chiron, morador da periferia de Miami que precisa lidar com o ambiente hostil que o circunda, bullying e uma mãe viciada em drogas. Narrado em três atos (infância, adolescência e fase adulta), o longa apresenta as identidades reservadas ao protagonista de forma deslumbrante e inspiradora.

Levantando questões atuais e relevantes como a construção da masculinidade, estereótipos, bandeiras raciais e de sexualidade, o filme é repleto de momentos catárticos, com cenas de amassar o estômago e encher os olhos de encantamento.

A performance do elenco é de tirar o fôlego. Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes, atores que incorporam, respectivamente, a infância, adolescência e vida adulta do protagonista, conseguem o brilhante feito de manter intacta a essência do personagem durante as trocas de atuação e ganham, em resposta, nossa total entrega emocional.

São diversos os fatores que fazem essa obra ser extraordinária. A fotografia é sedutora e apurada. A narrativa é consistente, completa, profunda e realista. É um filme complexo – como há de ser a vida – que fala sobre as relações humanas. Ouso dizer que, para além das conexões humanas, esse é um filme sobre humanidade.

Escrito e dirigido por Barry Jenkins, Moonlight é um convite para o despertar da consciência social. Um filme necessário, eu diria. Também está disponível no catálogo da Netflix!

3. RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS (2019)

Possivelmente o filme mais bonito dessa lista e um dos meus favoritos da vida!

Demonstrando toda a potência do cinema Francês, Retrato de Uma Jovem em Chamas é um mergulho visceral na relação de duas mulheres que vivem no século 18 e carregam toda a tragédia e beleza do ser feminino.

Na trama, Héloise (Adèle Haenel) é uma jovem com um casamento arranjado que precisa ter seu retrato pintado e entregue ao pretendente, mas ela se recusa a posar. É então que Marianne (Noémie Merlant), uma jovem pintora, disfarçada de dama de companhia, é contratada para pintar o retrato que passa a ser trabalhado durante a noite através da memória.

A premissa aparentemente simples, se desenrola no mais íntimo e sensível romance dos últimos tempos. A relação das protagonistas, preenchida por uma química surreal e explosões de sensualidade, se desenvolve de forma profundamente sincera.

Céline Sciamma (gênia) é quem assina o roteiro e direção. Ela trabalha o olhar feminino e a arte como temas que moldam a estrutura narrativa. Cada frame é como uma pincelada precisa no quadro em movimento que é esse filme. Fotografia impecável, cores vibrantes e contrastantes, ritmo contemplativo, enquadramentos belíssimos… tudo funciona perfeitamente na composição de uma obra que, carregada de simbolismos, fala sobre o olhar e a memória.

Um dos maiores e mais poderosos arrepios cinematográficos que já tive. Poético. Obrigatório. (Pode anotar, daqui alguns anos vai virar um clássico!)

4. HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO (2014)

Tem brasileirinho na lista sim!

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho conta a história de Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente cego que tem a vida suspensa entre os pais superprotetores e o desejo por independência. Apesar das circunstâncias favoráveis ao drama e infelicidade crônica, Leo é um garoto simples e decidido.

Sua rotina é presenteada com a graça intrigante do novo colega de sala, Gabriel (Fábio Audi), que desperta a verdadeira natureza da sua sexualidade e o coloca na busca pela reciprocidade dos sentimentos aflorados.

A autodescoberta é retrata com muita naturalidade pelo diretor Daniel Ribeiro, que com um olhar terno consegue transmitir os afetos e inquietações experienciados durante o primeiro amor.

Alicerçado em uma abordagem intimista e surpreendentemente simpática, o longa não tem pretensão de ser panfletário. Propositalmente fácil, a trama super bem amarrada é preenchida por um tom de gentileza que, somado às atuações convincentes e à estética doce, entrega um romance leve e de muito bom gosto.

Um filme simples e bonito, como o amor deve ser, certo?

Viva a pluralidade! Que a gente perceba cada dia um pouco mais que é na diversidade que a beleza e o amor ganham nitidez. Vamos juntos.

 

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