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O olhar atento de Robert Capa

Além de ser uma prática muito comum, principalmente na sociedade atual, fazer uso das fotos também é de extrema importância no registro histórico de acontecimentos mundiais. Responsabilidade que, na maioria dos casos, fica sob o olhar atento dos repórteres fotográficos. Encontrar a melhor luz, escolher o ângulo correto e apertar o disparador no exato momento para capturar a imagem desejada, são detalhes que envolvem a arte da fotografia e ajudam a eternizar a história por meio de imagens.

No dia 02 de setembro é celebrado o Dia do Repórter Fotográfico, profissão que tem como pioneiro Roger Fenton, fotógrafo britânico que registrou a Guerra de Crimeia, de 1853 a 1856, contribuindo para construir a relação entre a narração de fatos e a fotografia. A partir dele, muitos outros profissionais da área surgiram, e, no perfil de hoje, você se aprofunda na história de Robert Capa, um dos grandes nomes da fotografia de guerra.

Robert Capa. Foto: reprodução

O verdadeiro nome de Capa era Endre Ernő Friedmann, de origem húngara, ele nasceu em 22 de outubro de 1913, em Budapeste. Durante os estudos, Robert acabou se aproximando dos ideais marxistas e precisou se exilar em Berlim, após ser fichado pela polícia. Na Alemanha, ele se aproximou do meio jornalístico e se inscreveu na Faculdade de Ciências Políticas. Iniciando a vida profissional, Robert começou a trabalhar na Dephot, maior agência de jornalismo do país naquela época.

Com raízes judaicas, a expansão do nazismo fez com que Robert deixasse Berlim em 1932, seguindo primeiro para Viena e posteriormente para Paris. Foi durante esse período que ele adotou o pseudônimo de Robert Capa, deixando Endre Friedmann para trás.

Em 1934, Robert conheceu Gerda Taro, fotógrafa e jornalista, que acabou sendo sua primeira namorada. Os dois ficaram conhecidos por vivenciarem de perto as cenas que fotografavam, tendo contato direto com o campo de guerra. A primeira experiência do casal como repórteres de guerra foi durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936.

Após um ano fotografando o conflito, Gerda acabou morrendo atropelada acidentalmente por um tanque de guerra. Sofrendo a dor pela perda da namorada, Robert seguiu trabalhando e capturou uma de suas imagens mais famosas, “O soldado caído”. A fotografia, publicada pela revista americana Time, mostra um soldado atingido por uma rajada de metralhadora.

“O soldado caído” de Robert Capa. Foto: reprodução

Com um extenso currículo de registro de conflitos, Robert capturou com suas lentes importantes momentos históricos, como a Guerra Civil Espanhola, Guerra da Indochina, Segunda Guerra Mundial e guerras do mundo árabe, que consolidaram seu nome entre os mais renomados repórteres de guerras.

Robert ficou conhecido por sua coragem e por um estilo único de fotografia, sempre se aproximando o máximo que podia para capturar as imagens. Inclusive, ele disse a célebre frase “Se suas fotos não são boas o suficiente, é porque você não chegou perto o suficiente.”

Entre os momentos marcantes da carreira do fotógrafo, está a autoria das fotos do desembarque de soldados aliados na praia da Normandia no Dia D, invasão que deu início à derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Na época, ele trabalhava para a revista americana Life.

Registro do “Dia D” por Robert Capa. Foto: reprodução

Após os registros, Robert fundou a Agência Magnum, uma agência de fotografia que orientava fotógrafos a respeito dos trabalhos a serem realizados. Junto com ele na empreitada estavam David Seymour, Henri Cartier-Bresson e George Rodger, importantes nomes da fotografia.

Mesmo com a agência, Robert ainda trabalhou na cobertura de dois conflitos armados, a primeira guerra árabe-israelense após o estabelecimento do Estado de Israel, em 1948, e a Guerra da Indochina Francesa.

Foi durante a Guerra da Indochina que, em 25 de maio de 1954, aos 40 anos, Robert Capa morreu após pisar em uma mina terrestre. De acordo com relatos, o corpo do fotógrafo foi encontrado em meio aos escombros e um detalhe importante não escapou dos olhares dos que presenciaram a cena: a câmera dele ainda estava em suas mãos.

Com uma grande história na fotografia, sobretudo a fotografia de guerra, Robert Capa deixou um legado para a fotografia mundial e até hoje é uma inspiração para muitos fotógrafos. Sem nunca deixar suas convicções de lado, e com uma coragem e olhares únicos, ele se despediu fazendo o que sempre amou, fotografar.

 

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