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Expressando vida através da arte: a trajetória de Bárbara Sena

Bárbara Sena. Foto: reprodução

A cearense Bárbara Sena é uma  cantora, compositora e atriz que nasceu e cresceu rodeada pelas mais diversas formas de arte. Filha de pais cantores, foi ainda na barriga da mãe que começou a ter os primeiros contatos com a música, vivendo imersa em um ambiente musical. Conscientemente, Bárbara lembra que na infância adorava dançar as músicas que colocava para tocar em casa, “Eu tive uma infância muito lúdica, onde a arte estava como uma brincadeira. Eu vivi em um ambiente artístico, na nossa casa sempre andavam artistas plásticos, escritores, e isso, com certeza, me influenciou também.”, explica.

Quando criança, Bárbara chegou a gravar um disco infantil, parte de um trabalho com Flávio Paiva e Olga Ribeiro, mas, apesar de estar sempre rodeada pela música, ela ainda não era uma profissão. Com 17 anos, a cearense passou a se profissionalizar mais na área e a fazer shows como violonista, sem cantar nos palcos. Quando decidiu prestar vestibular, Bárbara acabou optando por cursar Comunicação Social, já que tinha a vontade de desenvolver as habilidades artísticas de alguma forma. “Eu sabia que no curso de publicidade tinha aula de rádio, audiovisual, design. Então eu fui fazer comunicação para estar perto das artes.” 

Em 2011, durante um intercâmbio para estudar comunicação na Argentina, Bárbara se distanciou um pouco dos palcos, mas acabou se conectando com algo que também fazia parte dela desde a infância: a composição. 

Influenciada pela obra de grandes nomes da música brasileira como Elis Regina, Fausto Nilo, João Bosco, Ary Barroso, Belchior, Chico Buarque, Gal Costa e Céu, Bárbara sempre se dedicou a leitura das letras e a entender o que estava por trás delas. Na adolescência, quando começou a compor como forma de expressão, ela era obcecada por Chico Buarque e pela forma como a música dialogava com o contexto histórico-social do país. Foi durante o período em que esteve fora do Brasil, que ela despertou para a produção autoral, transformando as caminhadas pelas ruas da Argentina em composições, que continuaram quando retornou para casa. 

De volta ao Brasil, em 2013, Bárbara apresentou seu trabalho de conclusão de curso, mostrando mais uma vez a relação entre música e comunicação. “Pude concluir que o Choro não é só um gênero musical, mas é um contexto social interativo onde as pessoas estão o tempo todo trocando informação, partilhando de significados e saberes. Me fortaleceu muito como artista ter feito comunicação.”, compartilha. 

Além de cantora e compositora, Bárbara também é atriz. Para escrever uma letra, fazer uma melodia ou uma gravação, a atuação e a música andam juntas na vida dela. Quando criança, uma de suas atividades favoritas era criar músicas e encenar essas músicas. Mas o teatro entrou com mais força na vida de Bárbara no curso de Princípios Básicos do Theatro José de Alencar, quando foi aluna do Joca Andrade, idealizador do projeto. “Lá a gente passou um ano e fez uma peça, que se chama “Crise na Terra“, e eu tive a oportunidade de compor as músicas desse espetáculo. Então eu tive a oportunidade de fazer essa imersão dentro da linguagem do teatro e de buscar essa relação entre música e dramaturgia”. 

Em 2017, a relação entre música e atuação ficou mais forte quando Bárbara atuou no curta-metragem “Capitais“, produzido pelos alunos do PREAMAR Audiovisual – Programa de Realização da Escola Porto Iracema das Artes. Baseado na música “Alucinação“, de Belchior, o curta percorreu diversos festivais nacionais e conquistou o prêmio Candango de Melhor Filme no 2º Festival Universitário do Cinema de Brasília (FestUni)

Bárbara Sena tocando. Foto: reprodução

Cantando, atuando ou compondo, a música sempre esteve presente na vida de Bárbara de muitas formas, representado uma maneira de se conectar e expressar os sentimentos. “A música é sentimento, expressão, partilha, comunhão, individualidade e coletivo. Música em uma palavra é vida. Eu não consigo ver a vida sem música e não consigo ver a música sem vida, a música é a vida pulsando.”, comenta Bárbara. 

Sempre envolvida em atividades artísticas, a cearense é idealizadora do Ateliê da Canção (@ateliedacanção), um projeto que começou quando ela ia presencialmente na casa das pessoas para ter um momento de música através do repertório afetivo.”É um trabalho que eu fazia e ainda faço muito com os idosos, isso me levou a estudar a musicoterapia também porque é um processo de pesquisa e de tocar canções que façam parte da trajetória de vida de quem me contrata[…] Em resumo o Ateliê da Canção trabalha a música através da interação e da memória” Dentro do Ateliê, ela também faz aulas de expressão do canto, de violão e, agora, tem feito um trabalho virtual que envolve vários serviços, entre eles a gravação de vídeos. 

Durante o período de quarentena, Bárbara segue utilizando muitos canais para levar arte até outras pessoas, mas também confessa que tem sido desafiador a pressão de ser produtiva e criar algo que possa acalentar sua alma e a dos outros. “Me reinventar está sendo um desafio diante disso tudo. O que eu sou, o que eu quero, o que eu preciso falar, o que eu preciso silenciar. É encontrar um equilíbrio e não se render a essa pressão por produção, mas sim tentar trabalhar no que se pode, nas pequenas coisas, perceber as poéticas do cotidiano, a simplicidade. Tentar viver o agora e fazer da arte algo simples e significativo, algo que desperte o sensível e ao mesmo tempo traga um fortalecimento.”

Um dos projetos em andamento é o Mulheres da Música (@mulheresdamusica), um grupo que Bárbara criou após um ato político que participou no dia 08 de março de 2020 no Dragão do Mar. Na ocasião, ela reencontrou várias amigas da música e sentiu a necessidade de formar um espaço onde elas pudessem se conectar com o que tinham em comum. Criado uma semana antes do Estado do Ceará declarar a quarentena, o grupo acabou sendo um espaço ainda mais importante para elas. Durante esse período, elas criaram o “O Canto Delas”, para divulgar o trabalho das participantes, e também o “Primeiro Sarau Beneficente do Mulheres das Música“, onde elas arrecadaram dinheiro para outras mulheres artistas que estavam precisando de ajuda.

Bárbara também realizou uma live com o pai Tarcísio Sardinha, onde 30% do que foi arrecadado foi dividido entre dois projetos que ela apoia, a Rede de Trabalhadores da Música e o SOS Mãe Solo. Além disso, a artista participa do Canto Coletivo, com a Emiliana Paiva, e tem atuado no projeto Canto para Ressurgir, onde tem procurado formas de trabalhar mesmo a distância e continuar o processo criativo. Agora, Bárbara também tem desenvolvido um projeto em parceria com Débora Ingrid, Juliana Tavares e a Renata Lemos, onde estão investigando canções que tenham relação com o feminismo. Recentemente, a iniciativa foi aprovada no Edital das Artes da SECULTFOR. 

Em meio a tantas produções e desafios vividos nesses últimos meses, Bárbara ressalta a importância das pessoas continuarem consumindo arte mesmo em tempos difíceis e lembra que essa produção é uma via de mão dupla, onde é possível trazer esperança, conhecer melhor as pessoas e encontrar a voz no mundo. “Quem ali diante do artista está também produzindo algo, criando algo dentro de si. E o artista dá continuidade ao que ele veio fazer e o que tem de melhor a oferecer. A arte é um alento para quem fazendo e quem recebendo. A arte ela nos conecta, é uma forma de nos sentirmos de mãos dadas mesmo que não seja fisicamente.”, finaliza. 

Bárbara Sena – Redes Sociais

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