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As linhas e vivências de Mariana Maciel

Mariana Maciel. FOTO: Natália Marques

 

Os grupos de bordado têm ganhado espaço pelas ruas, e principalmente cafés, de Fortaleza. Na correria e loucura do dia-dia-a, o tempo para respirar fica mais escasso e muitas vezes é necessário encontrar atividades que proporcionem calmaria, relaxamento e novas experiências. Foi assim que a prática de bordar conquistou espaço na vida de Mariana Maciel, professora de yoga que consegue interligar as duas práticas em sua rotina. 

Marina havia enfrentado uma mudança em sua vida profissional depois de concluir sua graduação. Formada em administração de empresas, ela optou pela carreira acadêmica ainda no período da faculdade, logo depois de concluir o curso, ingressou no mestrado com o objetivo de ser professora. Na época, ela já praticava yoga e lidava no dia-a-dia com as mudanças proporcionada por ele. 

Um dos pontos chaves para perceber isto teve relação com a sua mãe, que tinha um problema de saúde crônico. Por conta da doença, a mãe de Mariana teve uma crise e foi quando a professora de yoga percebeu que tinha aprendido a lidar com a situação de uma maneira mais tranquila, conforme relata. “Eu falei o que é que tá de diferente em mim que eu tô encarando a doença da minha mãe de uma forma diferente? Antes eu ficava desesperada e agora eu não fico mais. E o que tava diferente na minha vida era a prática, eu já estava praticando yoga há algum tempo.” 

A partir desse momento Mariana começou a dedicar-se mais a prática pessoal e aprofundar-se no assunto. Com o fim da pós-graduação se aproximando, passou a refletir se gostaria de continuar na área que estava ou iria ensinar algo diferente. E foi então que decidiu, pediu demissão do emprego e passou a investir na carreira de ensinar yoga.Esta decisão acabou resultando em uma mudança para Quixadá, onde passou a dar aulas.

 Em uma cidade com um ritmo mais tranquilo, diferente da apressada Fortaleza, a professora deparou-se com um tempo livre a ser preenchido e trouxe de volta algo que já estava nela há bastante tempo: o bordado. Mariana afirma que, “foi muito terapêutico naquele momento porque eu tava meio deprê, sabe? Sem ter o que fazer. E aí o bordado trouxe esse frescor novo, foi bem um resgate mesmo.” O contato com bordado, na verdade, surgiu desde muito cedo, quando ela ainda era uma criança. A maior responsável por isso foi a sua avó Carmen — costureira e bordadeira — com quem morou durante um período de sua vida. Vivendo entre as linhas e tecidos, Mariana aprendeu a se virar e fazer delas um aprendizado.

“O bordado foi pra mim uma cura também. Do jeito que o yoga não cura doença, mas cura sim algumas feridinhas da alma, né? O bordado foi também para mim isso.” 

À medida que foi mergulhando e aperfeiçoando-se mais na prática de bordar, o bordado passou a ser mais que algo pessoal e virou uma nova possibilidade de ensino. “Eu sempre quis ensinar coisas. Então, comecei a bordar e já comecei a ensinar. Eu gosto de passar, de transmitir conhecimento”, afirma a professora. 

Após voltar a morar em Fortaleza, Mariana não abriu mão da atividade. Há dois anos ela ensina yoga no Espaço Grão, onde teve também um grupo extensivo de bordado que durou 8 meses e uniu as duas práticas. Para ela, bordar em grupo possibilita experiências de convivência com o outro,  “quando você borda só, você fica meio que num estado meditativo, concentrada, e uma coisa diferente acontece quando você tá num grupo de pessoas bordando, né? Acontece uma conexão entre as pessoas, é muito bacana, então meio que está tudo misturado.”, enfatiza.

Mesmo podendo estar relacionados, o bordado e o yoga podem ser praticados separadamente. Mariana já possibilitou as duas experiências, a primeira foi o Medita e Borda, nesta vivência as pessoas primeiro praticavam o yoga e nele visualizavam aquilo que bordariam em seguida. 

Em 2019, a professora realizou o Bordar Afetos, com a proposta de realizar encontros para aqueles que desejassem aprender pontos que pudessem expressar suas emoções, desenvolvendo habilidades manuais e estimulando a criatividade. A oficina tinha um número reduzido de participantes, com no máximo oito pessoas, e aconteceu no Café Sodiê, possibilitando uma troca de experiência e aprendizado. Além das vivências, Mariana também compartilha o seu trabalho através de sua marca Love Devata, lançada em 2016 com o objetivo de bordar o amor e espalhá-lo para o mundo.

Apesar de não proporcionarem cura de doenças físicas, o bordado e yoga auxiliam em um olhar diferente da vida, ensinando a lidar com as situações de uma forma mais tranquila e com menos desespero. Algo relevante em uma sociedade que vive bastante estimulada, principalmente com as notícias ruins. Mariana propõe o contrário, “vamo lá pro outro lado. Da leveza, do sossego total. Uma prática bem suave, para poder puxar a corda para o outro lado para ver se quando a gente solta a corda fica mais ou menos pelo meio do caminho.” 

Em suas aulas de yoga, a professora faz um convite para que ao entrar na sala, seus alunos deixem do lado de fora papéis que exercem e durante uma hora descansem das funções de mãe, irmã, marido, namorado, etc, para que com isso você possa se fortalecer, manter o equilíbrio e dar um tempo para a própria cabeça. Paralelo, mas interligado a isto, o bordado exige um nível de atenção, um pouco diferente do yoga, e requer, principalmente, dedicação. Ao criar algo com as próprias mãos, o bordado proporciona para a pessoa uma superação e uma sensação de alegria. “É você ultrapassar isso do eu não consigo, no final nem é tão difícil como pensam. É muito bacana você colocar para fora alguma coisa.”, reforça. 

Quer conhecer mais da Mariana e seu trabalho? É só procurá-la no instagram @love.devata.  

 

 

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