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O caso da empresária Elaine Perez e como a mídia trata a violência contra a mulher

Segundo informações publicadas em 2019 no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no ano de 2018 o Brasil registrou 1.206 casos de feminicídio, 4% a mais que no ano de 2017, quando os números haviam sido de 1.151, em 88,8% dos casos, o agressor era companheiro ou ex-companheiro da vítima. O feminicídio consiste no assassinato de mulheres por serem mulheres, e em muitos casos está ligado à violência doméstica e/ou sexual. 

No ano de 2019, só até o mês de agosto, já foi registrado que 1.314 mulheres sofreram feminicídio, uma média de uma mulher morta a cada 7 horas. Estes dados mais recentes foram publicados pelo Monitor da Violência, uma parceria entre o G1, portal de notícias da Rede Globo, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.  

Os números se tornam ainda mais assustadores quando sabemos que nem sempre estes levantamentos conseguem contemplar fidedignamente a realidade da sociedade brasileira.  

Foi refletindo sobre este cenário e o papel da mídia dentro dele, que duas estudantes de jornalismo, Marina Lustosa e Yasmin Olivier, escreveram em 2018, na disciplina de Projeto Integrador I, o artigo “A cobertura jornalística do caso Elaine Perez: análise da violência contra a mulher na web”, onde fizeram um estudo sobre o caso da empresária Elaine Perez, espancada pelo estudante de direito e lutador de jiu-jítsu Vinícius Batista Serra. 

No Mural Acadêmico de hoje conversamos com Yasmin, uma das autoras do projetos, para entender sobre o processo de construção do artigo e as implicações que ele trouxe para sua vida. 

Marina Lustosa e Yasmin Olivier (da esquerda para a direita), estudantes de jornalismo. Foto: reprodução

MURAL DA ANA PAULA: Por que vocês decidiram falar sobre essa temática no artigo? 

YASMIN OLIVIER: Falar sobre feminismo, a luta contra o feminicídio e a nossa indignação com isso sempre foram coisas em comum. Ao nos lembrarmos do caso, decidimos falar sobre o que aconteceu com a empresária Elaine Perez e desenvolvemos o assunto com base no que aconteceu, focando principalmente na forma como alguns jornais lidaram com o fato na época.

MURAL DA ANA PAULA: Qual foi o objeto central de estudo no artigo? 

YASMIN OLIVIER: Estudamos o caso da empresária [Elaine Perez], que foi espancada depois de ter combinado um encontro através das redes sociais. Nosso foco principal era falar sobre o feminismo e a forma como o feminicídio vem sendo algo crescente em nossa sociedade. Também selecionamos alguns jornais, estudamos e comparamos a forma como os mesmos abordaram o tema e os fatos acontecidos.

MURAL DA ANA PAULA: Como foi o processo de construção do material? 

YASMIN OLIVIER: Como foi o nosso primeiro artigo, não vou dizer que foi algo extremamente fácil. Tínhamos a certeza de falar sobre o caso da empresária e que também queríamos falar sobre feminismo, feminicídio e estudar como a nossa área, o jornalismo, aborda esse tema. Fizemos tudo juntas, uma opinando o que era feito e, assim, construímos o artigo com base em tudo que sabíamos e aprendemos ao longo da construção dele.

MURAL DA ANA PAULA: Quais descobertas esse processo de escrever o artigo trouxe para vocês? 

YASMIN OLIVIER: Inicialmente, digo com certeza, que ele nos fez descobrir que podemos muito mais do que imaginamos. Não foi algo fácil, mas no final, com o reconhecimento da professora e dos colegas, foi algo extremamente gratificante. Falar sobre feminismo/feminicídio não é algo fácil, é um tema que nos assola todos os dias. Saber falar mais sobre ele, dar voz a casos que precisam ser mostrados e entender melhor sobre conceitos e a forma como o nosso mercado [jornalismo] aborda e trabalha temas assim, foi gratificante. 

MURAL DA ANA PAULA: Pensam em fazer mais trabalhos seguindo a mesma linha de produção? 

YASMIN OLIVIER: É um tema atual e que não deixará de ser tão cedo ou nunca. Sei que eu, Yasmin, ainda falarei sobre temas muitas vezes, seja na minha vida pessoal ou profissional, mas a Marina já tem projetos que levam a temas parecidos com o do nosso trabalho. Fazer um artigo pela primeira vez nos motivou a investirmos cada vez mais em algo parecido.

 

Para ler o artigo acesse o link: 

https://drive.google.com/file/d/106zSmIUuqJJqf9HoY6v1px0W_cunUeSl/view?usp=sharing 

 

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