São Paulo. 29 de março. Fim de tarde. Uber. Ligação com uma amiga: “Não sei o que fazer com isso. Comigo. Não sei o que fazer comigo” eu digo, me controlando para não chorar. Sabia que ela estava analisando meu tom de voz. Era por isso que tinha insistido em falar comigo ao telefone. Queria…
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Ainda não me acostumei com esse tempo chuvoso, estou tão adaptada e confortável com a quentura da minha terra que só de ver pela janela a neblina escondendo toda a serra como uma imensa cortina sinto um arrepio na espinha. Escuto Vinícius pensando que as cores de abril foram apenas…
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Ela veio da minha cidade Sul. Lá onde meus cabelos impregnados de nordeste sofrem com o frio seco e a tradição que as esquinas abraçam me fascina as retinas. A imagem do seu túmulo marca a memória da primeira vez que coloquei os pés nos quilômetros da sua história. Minha história. Acredito que as…
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Acordei e ela já estava ali. Espaçosa e imponente. Assumindo um tom mórbido e proferindo previsões catastróficas que tornavam o amarelo do dia apático. Pálido. Meus passos agora são imprecisos e inconsistentes. Com o desconsolo incorporado ao cotidiano do mundo nos últimos meses, ela virou visita previsível. Quase aguardada. Evito encarar seu drama Shakespeariano, não…
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Há um tempo, em um dos incontáveis dias de quarentena, uma tia comentou comigo que havia “um silêncio no mundo”. No momento eu concordei, mas depois me peguei pensando em que silêncio era aquele. Na verdade, acho que a constante tentativa de preencher meus dias com atividades e mais atividades, não me dava muito tempo…
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