Estamos todos esperando o grande acontecimento que mudará nossas vidas e nos dará sentido. Para muitos de nós, o compasso da espera guarda o anseio pelo amanhã enquanto sufoca o agora em uma apatia sonâmbula. É nessa circunstância que Joe Gardner, protagonista de Soul, nova animação da Pixar, se encontra.
Joe é um professor de música que se vê frustrado diante da monotonia da rotina que lhe impõe o engavetamento do sonho de se tornar um pianista de renome. Esperançoso com uma nova possibilidade, o protagonista resolve fazer uma audição para integrar a banda de uma artista de jazz conceituada. A musicista se surpreende com a performance comovente de Joe e o convida para se apresentar ao seu lado naquela noite.
No entanto, momentos depois, Joe cai em um bueiro e, no instante seguinte, o pianista tem sua alma separada do corpo e se descobre em um lugar chamado Além Vida. Em um misto de desespero e confusão, ele consegue escapar do fluxo de almas que seguem enfileiradas em direção a uma espécie de luz no fim do túnel, mas acaba caindo em um outro local chamado de Pré Vida, onde almas que ainda não foram enviadas para a Terra estão em processo de desenvolvimento de personalidade, paixões e particularidades.
Nesse local, Joe acidentalmente é designado mentor da 22, uma alma indiferente ao propósito de existência na terra que, além de descrente e um tanto ácida, não manifesta paixões concretas ou emoções consistentes. E é na dinâmica (divertidíssima, por sinal) entre esses dois personagens contrastantes que conceitos complexos são apresentados com sensibilidade e sutileza.
Soul, ao falar sobre propósito, nos lança na reflexão de que muitas vezes entendemos nossos objetivos profissionais como o único caminho para a felicidade. Aliás, se você for mais fundo na reflexão, vai se perguntar o que, de verdade, você entende como felicidade. O que deixamos passar? Por que estamos aqui? Estes são alguns dos questionamentos que Soul nos promove.
Maduro, metafísico, filosófico, comovente. Soul tá disponível no Disney+!