Novembro, mês da consciência negra, é um momento nacional de reflexão sobre a necessidade da permanente, constante e contínua discussão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e o racismo estrutural que se dimana nas relações sociais. Esta lista contém 5 filmes e séries que abordam o tema do racismo, de forma séria, precisa e até com um pouco de humor atrelado.
1.Infiltrado na Klan
O filme conta a história de um policial negro do Colorado, Ron Stallworth, que, em 1978, consegue se infiltrar na Ku Klux Klan local.
Após sua entrada no movimento, ele se comunica com os outros membros por meio de cartas e telefonemas. Ron fica próximo do líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.
Durante esse tempo, o movimento estava em declínio e tentava resistir à conquista dos direitos civis dos negro. Além disso, mesmo sendo a favor de intimidação e de resposta violentas caso se sentissem desrespeitados, eles buscavam se recompor como um movimento político e não violento.
O que poucas pessoas sabem é que o filme foi adaptado de um livro, e que a história contada é real. Em 2014, o detetive Ron Stallworth, ex-policial americano, publicou um livro em que narra todo o processo da investigação em que trabalhou disfarçado e infiltrado no Ku Klux Klan. O cineasta Spike Lee usou com fidelidade pontos cruciais para adaptar a história para as telonas e, ao mesmo tempo, aproveitou para soltar a imaginação na criação de personagens coadjuvantes e no desfecho do filme.
2.Olhos que Condenam
A série da Netflix lançada em 31 de maio de 2019, exibe um dos casos mais emblemáticos da história norte-americana, que envolve a condenação e a prisão de cinco jovens negros do bairro do Harlem sob a falsa acusação de estupro de uma mulher no Central Park em 1989.
O tema principal da trama é, exatamente, a invisibilidade dos jovens negros, que documentadamente estão entre os que mais morrem e que tem a maior taxa de encarceramento. Esta tese é colocada a partir dos primeiros momentos, nos primeiros episódios da série, quando os questionamentos dos personagens ocorrem enquanto eles aguardam a primeira audiência do caso.
Nas palavras da jornalista, e viciada em séries, Adriana Izel “‘Olhos que Condenam” reflete a importância do entretenimento como incentivador de debates. Assim como a própria Ava DuVernay diz: “o objetivo era criar algo que fosse um catalisador para uma conversa”.
3.Branco sai, preto fica
Exibido pela primeira vez em 19 de março de 2015, o longa traz a história de dois homens feridos em um tiroteio em um baile de black music em Brasília.
Desde os anos 1980, a história na periferia de Brasília ficou marcada para sempre. Assim, surge um terceiro homem vindo do futuro para apurar o acontecido e comprovar que a responsabilidade do tiroteio e da violência policial é da sociedade coerciva, o que traz uma história ficcional fantasiosa para preencher a narrativa documental.
“O Branco Sai Preto Fica” do título é referência a uma fala dos policiais que invadiram o baile mencionado, numa demonstração clara de racismo, que continua atingindo nossa sociedade nos dias de hoje.
4.Corra!
Exibido pela primeira vez em maio de 2017, no Brasil, o filme de terror e suspense estadunidense foi escrito e dirigido por Jordan Peele, sendo vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original do ano de 2018. Surpreendentemente, “Corra!” foi o primeiro trabalho do cineasta.
A obra retrata a vida de Chris, um jovem negro que está prestes a conhecer os pais da namorada, Rose, e está preocupado com o fato deles não saberem que ele é negro. Mesmo assim Rose jura de pé junto que Chris é o primeiro namorado negro dela e que seus pais não são racistas de forma alguma. A partir da chegada do casal na casa dos pais de Rose, Chris percebe o comportamento exageradamente carinhoso por parte da família dela e, ao longo da trama, ele percebe que a família esconde algo perturbador.
O filme estreou no dia 24 de janeiro de 2017 no Festival Sundance de Cinema e Peele disse que “a verdadeira situação é a escravidão; é uma coisa sombria.” O filme critica a indiferença em relação aos negros desaparecidos, comparando com mulheres brancas desaparecidas. Sinceramente, “Corra!” é uma paródia cinematográfica da frase: “eu não sou racista, eu até tenho amigos negros”.
5.This is Us
Transmitida desde 20 de setembro de 2016, This is Us é uma série de televisão americana criada por Dan Fogelman.
Assistimos a história da família Pearson, tendo como ponto de partida o casamento entre Jack e Rebecca Pearson. As temporadas acompanham os filhos do casal, Randall, Kate e Kevin, que já são adultos e lidam com diversos problemas comuns da idade, como questões de carreira e formação de família.
A abordagem de problemáticas atuais (ou não tão atuais assim) chama a atenção na trama da 5° temporada de “This Is Us”. A pandemia do coronavírus e o movimento Black Lives Matter a partir do brutal assassinato de George Floyd são retratados logo na estreia da nova leva de episódios da série.
Porém, não é preciso chegar na 5° temporada para reparar as sutis críticas sociais. Desde o início da transmissão da série, já é possível perceber, nas representações do dia a dia, as críticas em relação à sociedade racista em que vivemos.
“Não há limão tão azedo que você não possa transformar em algo parecido com limonada.” Esse ensinamento proferido pelo médico que realizou o parto dos trigêmeos de Rebecca e Jack, já resume no primeiro episódio aquilo que a espectadora pode esperar da série.