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No dia Mundial do Livro, Clarice e A Descoberta do Mundo

Tudo começou com Perto do Coração Selvagem, que me foi apresentado na adolescência por uma amiga e nunca mais parou. Li toda sua obra como quem recebe da vida o que há de melhor. Na gravidez da minha filha deu-se o meu encontro com A Descoberta do Mundo, livro póstumo que reúne crônicas escritas por Clarice Lispector para o Jornal do Brasil no período compreendido entre os anos de 1967 a 1973. Nunca mais meu mundo foi o mesmo. Tudo o que me tomava os sentidos e me arrebatava o espírito estava lá. Passamos juntos os meses restantes da gestação da minha filha. Lá estavam todas as perguntas que preenchiam de sentido a existência. 

A Descoberta do Mundo foi meu objeto de estudo na Especialização em Literatura Brasileira e no Mestrado em Educação, pela Universidade Estadual do Ceará. “Como você pode ver Clarice em tudo?” Numa das vezes em que me empenhei para responder a questionamentos dessa natureza disse não ter outra opção uma vez que ela estava em mim. E o que acabo de dizes aqui me leva de volta para ela quando esclarece: ”Todas as visitações que tive na vida, elas vieram, sentaram-se e nada disseram. Entendi.”

Sugerir a vocês, hoje, no Dia Mundial do Livro, o livro da minha vida é, antes de tudo, uma declaração de amor à autora e a todos que venham a aceitar o convite de abraçar o grande mistério que é viver, a todos que decidam atender ao chamado de Clarice: “ Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. ” Sobre o risco de se entregar a vida, ao ato da leitura, da leitura de Clarice, ela observa: “Tanto em pintura como em música e literatura, tantas vezes o que chamam de abstrato me parece apenas o figurativo de uma realidade mais delicada e mais difícil, menos visível a olho nu.”

 

 

 

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