Em fevereiro do ano de 2010, a TV e os jornais estamparam a notícia de que uma baleia Orca acabara de matar sua treinadora. O mamífero era uma das estrelas do parque SeaWorld, em Orlando. Testemunhas contaram que a baleia arrastou sua treinadora pelos cabelos e a levou para o fundo do tanque, o que provocou sua morte por afogamento.
Essa baleia Orca, que recebeu o nome de Lilikum, foi capturada quando era apenas um filhote de dois anos, arrancada de sua mãe e jogada para viver o resto de sua vida em um tanque. Uma baleia em cativeiro vive em média trinta e poucos anos, enquanto em ambiente natural, pode viver sessenta, e algumas chegam a viver até noventa anos.
A história da baleia Orca, embora polêmica, é tão triste quanto a de tantos outros animais que vivem presos em cativeiros e são obrigados a repetir diariamente, exaustivamente, danças, beijos, e tantos outros truques que não fazem parte de suas rotinas. Tudo para agradar ao público que está ali para rir de suas peripécias
A morte da treinadora foi tratado pela mídia como incidente, e me veio o questionamento: incidente? Sempre que um animal é exposto ao sofrimento de passar horas repetindo movimentos ensaiados, levando-os ao estresse , consequentemente vai apresentar comportamento agressivo. O que eles chamam de incidente, aos meus olhos, é um grito de socorro.
Socorro é quando o cavalo que é chicoteado e tem a barriga furada por uma espora e joga o seu agressor no chão.
Socorro é quando o touro, em meio à tourada, enfia o chifre naquele que lhe perfura de espadas.
Socorro é quando o leão espera um descuido de seu treinador e avança com suas garras, deixando seu corpo sem vida no chão.
Socorro é quando um urso preso no cativeiro arranca a cerca elétrica com suas mãos, enfrentando a dor do choque, e sai correndo em busca de sua liberdade.
Não vá aplaudir o animal que está no cativeiro! Lembre que não é natural o que ele está fazendo. É tudo resultado de muito estresse, maus tratos físicos, medo, privação de alimentação e muitos outros tipos de violência. Por tudo isso é que ele está ali, todo obediente.
