O choro enclausurado no peito, é quase como uma lava de um vulcão esperando para entrar em erupção.
Sempre me considerei uma pessoa chorona, daquelas que sequer podem entrar em discussão sem que em poucos segundos sinta as lágrimas saltarem dos olhos. Talvez seja por isso que, até hoje, eu deteste entrar em conflitos.
Chorei muito também quando criança. Não apenas quando bebê, mas como criança de seis, sete..dez anos. As pessoas ao meu redor não entendiam muito bem o motivo de tanto choro. E para ser sincera, nem eu. Acho que meu inconsciente se expressava por meio de lágrimas e entendia muito bem os motivos delas. Só esquecia de me avisar.
Mas também já chorei de forma consciente. Bastante. Algumas vezes de tristeza, outras de alegria…e, até mesmo, medo. Chorar de certa forma alivia. Primeiro dilacera por dentro, queima a garganta, deixa a vista turva… e, por fim, também alivia.
Quando não há mais lágrimas, se é que é possível secá-las, resta a espera de quando elas caíram novamente.
Mas lembro também do dia em que uma notícia me fez chorar antecipadamente pelos próximos anos e lutos. Bastou uma mensagem de uma amiga, em poucas frase escancarando a realidade de que a morte havia começado a bater à porta.
Chorei, claro, pela pessoa que se foi. Mas também chorei por tantas outras. Bastou o início, para que não fosse mais possível controlar a dor no peito. E também a sensação de impotência. Chorei, chorei que solucei. Meu peito parecia ser esmagado no compasso das lágrimas que caiam.
E quando não parecia mais que novas lágrimas cairiam, olhei para o vazio à minha frente e chorei novamente.
Porque parece que quando nos permitimos chorar, choramos também por todas as vezes em que o choro não foi suficiente e pela certeza de que ele nunca será.
Um comentário
Chorava e me fazia chorar, pq eu não sabia o que fazer, para acabar com aquele choro sem aparente explicação.