As vezes é assustador olhar para a janela e perceber que existe um mundo diferente lá fora.
Quando li algumas publicações há um tempo, muito se falava que “sairemos melhores”. Se eu pudesse reunir todos os livros que já li na vida, esta frase estaria em uma grande ficção que nem o mais renomado autor chegou a escrever. Uma ficção que criamos para negar a verdadeira essência que existe em nós e máscara nenhuma cobre.
Ao colocar os pés nas avenidas digitais, sem nem sequer me arriscar nas lotadas ruas da cidade, percebo que não tem nada de melhor e o único que tem de novo é o quão pior temos ficado dia após dia.
Somos incapazes de olhar além dos nossos próprios prazeres, desejos… E batemos o pé, feito criança mimada, sem observar que vivemos em um coletivo. O “porque eu quero”, “porque eu preciso” e “minha vida não pode parar” sufocam tantos outros que nem tiveram a oportunidade de escolher.
Ao olhar pela janela, assustadoramente percebo que as pessoas só ficaram melhores no egoísmo e na ganância. Não existe freio no mundo que pare quem não é capaz de pensar no coletivo.
Não sei ao certo quando cansei de gastar minha saliva em gritos que ecoavam de volta, doendo no fundo do peito, ou mesmo em que momento eu percebi que aquele que um dia havia sido uma inspiração não era capaz de inspirar ninguém.
Sim, talvez eu achasse que saímos melhores se conseguíssemos pelo menos diferenciar uns aos outros, mas as máscaras usadas são muito mais profundas e não começaram a serem colocadas somente nos últimos meses.
A diferença que vejo pela janela não está nas pessoas, mas nos meus olhos. Quanto mais observo, mais gostaria de fechar a janela.