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FUTURO SEM ROTEIRO

Eu não tenho um plano. É, eu sei. Desculpa, mas não tenho. Não tenho um grande projeto de vida, de carreira ou de casamento. Sei bem que para algumas pessoas, não traçar um esboço do futuro chega a ser quase um atestado de insanidade. Outras pessoas podem imaginar, ao ler essa afirmação, que sou alguém de conduta desordenada, cuja estrada pavimentada de inexatas decisões vai me levar ao absoluto fracasso. Tenho amigos que consideram seus projetos certezas irrevogáveis que estabelecem a ordem da vida. Acho chique e de bom tom, mas há algum tempo desisti de lutar contra a minha enorme preguiça de certezas. É ilusório dizer que tal fato não me acrescente cargas de ansiedade, o que muitas vezes me gera o desejo de ilusão de controle de narrativa que os grandes planos oferecem. Mas essa lógica, embora me pareça útil e conveniente, não me é honesta. Eu sou da ordem da intuição. É ela que guarda minhas possibilidades de futuro e não me permite negligenciar impulsos inventivos e a inquieta miscigenação de anseios que rege meus horizontes. 

De maneira intuitiva, vou organizando minha existência no mundo. Aceitando o ziguezaguear de ideias e entendendo que o caminho que estrutura minhas perspectivas não é a via dos rascunhos e antecipações, mas sim a autêntica e absoluta presença nos anseios que respiram no tempo agora. 

Não sei a que futuro o agora pode me levar, e isso não se relaciona com tendências ao desinteresse ou inclinações à apatia. É que há tempos já venho intuindo que o futuro mora na seriedade que confiro aos meus instintos. E estou confiando que eles irão me orientar pelos caminhos que me cabem. 

Talvez eu tenha um plano. 

 

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