Os ônibus diários são, provavelmente, os lugares que mais me dão tempo para pensar. Em uma tarde de sexta-feira, pós um dia cansativo e corrido, me coloco a pensar nos inúmeros motivos que mais uma vez me fizeram cancelar uma saída para rever amigos. Penso no quanto sinto saudades do seio familiar, dos abraços que afagam e das discussões que deixam tudo real.
Sinto falta do café da manhã rodeado e, simplesmente, de chegar em casa depois de um destes dias e saber que no quarto ao lado está meu consolo, mesmo que em silêncio.
A cada dia, os poucos mais de 365 tornam-se sufocantes e necessários. As escolhas pesam, apesar de certas. Ou não.Tento enxergar o caminho para preencher o vazio e o desejo de correr para o passado.
A luz acende. O som soa. A esquina vira. Mais uma vez é hora de descer.
A chave gira e meus pensamentos pisam no chão novamente
Cá estou, mais uma vez, dentro do quarto que não consegue abafar. Ou talvez eu mesma esteja abafando o grito de não quero mais. Mas uma parte sã se sobrepõe e lembra que é preciso e o velho discurso de que é para algo melhor.
O tempo passa e é bom que passe mesmo.