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Saltando barreiras: a atleta brasileira que marcou o atletismo mesmo quando não subiu ao pódio

Aída dos Santos. Foto: reprodução

O Dia do Atleta Profissional é celebrado no dia 10 de fevereiro e marca também um convite para trazer à memória atletas que marcaram a história e muitas vezes não são reconhecidos. O investimento no atletismo brasileiro ainda está longe de ser satisfatório e constantemente esquecemos que o esporte não se reduz apenas ao futebol, tendo um leque muito grande para ser explorado. 

Para conhecer um pouco mais sobre modalidades esportivas que não temos tanto contato e também trazer atletas brasileiros com grandes feitos, hoje vamos fazer uma imersão na história de uma atleta que sempre levou consigo a persistência para atingir os seus objetivos. 

Aída dos Santos nasceu no Rio de Janeiro no dia 1 de março de 1937. Ela morava com a família na comunidade Morro do Arroz, em Niterói, e precisou lidar com a falta de dinheiro, que nunca foi um empecilho para ela. Aída gostava muito de vôlei e tentava jogar no estádio Caio Martins, mas nem sempre conseguia companhia para os jogos. Impulsionada por uma amiga que a chamou para conhecer o atletismo. 

No primeiro dia, Aída chocou todos que estavam no ginásio e saltou 1,40 metros, na época, 5 centímetros a menos que o recorde estadual. Era apenas a primeira vez, mas os sinais de uma estrela do esporte já começavam a aparecer. 

Apesar do talento, a família de Aída não apoiava a moça, usando como argumento que esporte não dava dinheiro e ela precisava trabalhar. Mesmo nadando contra a correnteza, não faltou coragem para correr atrás dos seus sonhos. Em um determinado dia, Aída saltou 1,65 m e atingiu o índice de classificação para as Olimpíadas de Tóquio de 1964. 

E ela foi. Sem técnico, sem apoio e até mesmo sem o material necessário. Aída foi a única mulher na delegação brasileira e a única do atletismo. Sem ter as sapatilhas específicas para a corrida, ela contou com a ajuda de um atleta cubano para encontrar uma e usava o próprio pé para medir a distância, já que não tinha uma trena. 

Mesmo diante dos desafios, Aída saltou 1,74 m, marca que foi recorde nacional por mais de três décadas. Naquele dia ela não subiu no pódio da competição por muito pouco, mas marcou sem nome na história do atletismo. Depois do feito, tentaram fazer uma festa de comemoração, mas a brasileira não aceitou, já que não tinha tido ajuda em nada. Sem papas na língua, a atleta expôs a situação em uma entrevista e acabou sendo cortada dos Jogos Olímpicos em 1972, na Alemanha. 

Aída dos Santos seguiu batalhando pelo que acreditava e com esforço terminou formou-se em geografia, educação física e pedagogia, sendo também professora de Educação Física na Universidade Federal Fluminense (UFF). 

Diferente daqueles que não a apoiaram, Aída sempre procurou investir no esporte e na educação, sendo responsável por enviar meninas para estudar nos Estados Unidos. Ela também incentivava os filhos a praticarem esportes. Sua filha, Valeska Menezes, mais conhecida como Valeskinha, foi campeã olímpica de vôlei nos Jogos de Pequim, em 2008. 

A persistência de Aída também trouxe reconhecimento, em 2006 ela recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, no Prêmio Brasil Olímpico, e em 2009 recebeu o Diploma Mundial Mulher e Esporte, do Comitê Olímpico Internacional. 

Na carreira, Aida dos Santos foi campeã estadual, brasileira, sul-americana e pan-americana de salto em altura.

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