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POEMA: “Epílogo”

 

descobri uma pausa
no barulho do mar
já mudei as paredes de lugar
não atiro-me mais à luz

desaprendi o gosto do sol
abortei alegrias desnutridas
e costurei janelas fechadas
nas grades dos olhos

o céu está seco
os passos adormecidos
mas as entranhas permanecem frescas
ainda há vida
espasmos artérias e vísceras
escapando de mim
somando sangue nas veias corrompidas
do mundo

tudo é ensaio
cansaço e dormência 
e o arrastar das unhas 
do fim dos tempos
nas minhas costas
não me arrepia mais

 

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