No dia 26 de outubro de 1946 nascia em Sobral, interior do Ceará, Antônio Carlos Gomes Belchior, o rapaz latino americano. Cantor, compositor e poeta, Belchior marcou gerações com suas letras e até hoje sua voz e composições seguem sendo referência para amantes da música brasileira.
Com canções que abordavam diversas temáticas, trazendo importantes reflexões políticas e sociais, Belchior emplacou grandes sucessos, entre eles “Como nossos pais”, “Tudo outra vez”, “Coração Selvagem” e “Sujeito de sorte”. Por sua força poética, o artista é um dos grandes representantes da MPB, fazendo parte também do Pessoal do Ceará, ao lado de outros grandes nomes da música, entre eles Fagner, Ednardo e Fausto Nilo.
Na juventude, Belchior chegou a cursar medicina, mas largou o curso para se dedicar à música. Em 1971, morando no Rio de Janeiro, o cearense venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção “Na Hora do Almoço”, cantada por Jorginho Telles e Jorge Neri. No ano seguinte, Elis Regina gravou a música “Mucuripe”, escrita por Belchior em parceria com Fagner. Com a canção na voz de Elis, Belchior vivenciou uma nova etapa na sua carreira.
Em 1976, o cantor lançou “Alucinação”, seu segundo álbum e um dos mais aclamados pela crítica. Cheio de hits, o disco vendeu mais de 500 mil cópias e consagrou o nome de Belchior. Na canção que dá título ao álbum, Belchior também deixou seu recado, marcado no trecho “amar e mudar as coisas me interessa mais”. Além das canções eternizadas na própria voz, as composições de Belchior também ganharam o país nas vozes de outros artistas.
Aclamado e com uma carreira de sucesso, Belchior começou a se retirar da vida pública, deixando também os palcos e as apresentações. A última aparição aconteceu em 2009, em um show de Tom Zé. A partir disso, grandes mistérios envolveram a vida do artista. O cantor chegou a ser dado como desaparecido, mas foi encontrado morando no Uruguai.
Em uma entrevista concedida na época, Belchior afirmou que estava trabalhando em um novo projeto, que nunca chegou ao público. Ele continuou vivendo longe dos holofotes, sequer se sabia por onde estava, apenas relatos de outras pessoas, que afirmavam ter visto o músico, davam norte para os trajetos percorridos pelo cantor, no entanto, muitas histórias nunca chegaram a ser confirmadas.
Com quase uma década misteriosa, Belchior morreu em 2017 na cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, vítima de um aneurisma da aorta. O artista foi velado em Sobral, sua cidade natal, e enterrado em Fortaleza, capital do estado.
Responsável por cantar a realidade, a voz de Belchior ecoa de geração em geração. Na data em que faria 75 anos, ele segue sendo reverenciado e suas músicas encontram espaço em diversos corações representados pela poesia do cearense.