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A importância de usar a voz em prol de causas que não podem ser esquecidas

Existem pequenos momentos na vida que nos dão fôlego para viver os dias mais difíceis. Os abraços calorosos dos nossos amigos, o carinho dedicado por nossa família ou quando finalmente vemos um projeto tão sonhado sair do papel. Selene Facó é uma das jovens que pode agradecer por todas essas vivências ao longo da vida. 

Selene Facó. Foto: reprodução

Selene é estudante de jornalismo e tem se dedicado ao longo dos últimos quatros anos para se formar na profissão que escolheu ainda na adolescência. O caminho para ser jornalista se abriu, na verdade, por ter um sonho de ser atriz, algo hoje lembrado com bom humor. A partir de então passou a acompanhar mais os programas de televisão e, principalmente, o telejornalismo. Até que uma luz se acendeu e iluminou o sentimento de quando sabemos que encontramos algo para fazer pelo resto da vida. 

Na faculdade os horizontes foram ampliados, e mesmo a paixão pelo telejornalismo sempre existindo, novas descobertas trouxeram outros amores. “Antes eu tinha certeza que eu queria telejornalismo, apesar de gostar muito ainda, eu não tenho mais essa certeza, porque quando a gente entra no jornalismo, a gente vê que o leque é muito maior. Tem muita área no jornalismo que eu me identifiquei, que eu gosto que eu me encantei, até áreas que eu não acreditava que eu ia gostar, então eu digo que eu ainda não tenho certeza da área que eu quero, apesar de que hoje o jornalista tem que ser multimídia, tem que saber fazer tudo.”, reflete Selene. 

Uma outra mudança significativa e que já rendem bons frutos foi a maneira de enxergar o ser jornalista. […] essa perspectiva mudou, o valor da imprensa. Hoje eu sei que, apesar do pesares, do mundo mostrar o contrário, a gente sabe que é muito importante, mais do que a gente imaginava, né. Tudo que tá acontecendo, nos países, no mundo, todo mundo querendo derrubar o nosso trabalho, querendo extinguir o jornalismo, aí é que tá mais importante de dar uma notícia e a importância do trabalho do jornalista. Eu acho que  isso mudou mais do que eu imaginava que ia mudar.”, compartilha. 

Antes, a estudante achava que no jornalismo só era possível trabalhar dando notícia ruim, mas conheceu o outro lado da profissão: o jornalismo literário. Com muito estudo e pesquisa, Selene decidiu que era aquilo que gostaria de fazer, além de ter a oportunidade de trabalhar com grandes coberturas, capazes de consagrar um profissional. Mas, antes de chegar esse momento, ela já começou a trabalhar o que de melhor um jornalista pode fazer: ouvir o outro e dar lugar para ele compartilhar seus anseios e felicidades. Uma das formas que encontrou de fazer isso foi lutando pela causa da inclusão de pessoas com deficiência. 

Selene nasceu com mielomeningocele, uma má formação na medula que a deixou cadeirante. A condição nunca foi uma limitação, e a jovem sempre buscou seus objetivos e batalhou para alcançar seus sonhos. Apesar de sempre ter sido algo comum para o seu dia-a-dia, os desafios enfrentados por pessoas com deficiência no Brasil, ou em qualquer outro lugar do mundo, não são poucos.” Foi quando eu comecei a me “desprender”, digamos assim, das pessoas. Comecei a ficar mais independente, na medida do possível, comecei a fazer as coisas sozinha e claro que uma coisa outra a gente precisa de ajuda, mas foi quando eu vi que eu precisava daquela independência, precisava fazer aquilo só. […] aí eu vi que “nossa, o mundo é mais difícil do que eu vinha percebendo”.” 

Com foco e determinação, Selene batalha por seus objetivos. Foto: reprodução

Mesmo com o choque de realidade, Selene garante que na faculdade encontrou grandes amigos, que sempre a apoiaram e acreditaram no seu potencial e todos os pensamentos de “eu não posso fazer isso” deram lugar a um mar de possibilidades para alguém disposta a fazer a diferença no mundo. 

Foi com esse desejo que Selene deu início ao projeto Inclusão Descomplicada (@inclusaodescomplicada), um perfil no Instagram que teve a primeira publicação no dia 19 de novembro de 2020. O perfil é um espaço para desmistificar muitas assuntos a respeito de pessoas com deficiência e ajudar a tornar o mundo um lugar mais acessível e inclusivo. 

Por muito tempo, a futura jornalista fugiu de investir em projetos com esta temática, com medo de ser vista como alguém que só sabia falar sobre esse assunto, mas com o tempo ela foi se desconstruindo e entende a importância de se posicionar e usar a sua voz a favor dos outros. Hoje, já trabalha com a possibilidade de seguir a mesma linha no seu trabalho de conclusão de curso (TCC)

Selene mantém uma relação com seus seguidores, que já podem até ser considerados parte de uma comunidade, de maneira leve e descomplicada. Para isso, ela também luta contra a vergonha de vincular sua imagem e procura sempre interagir nos stories fazendo com que o público também seja participativo através de enquetes, caixinhas de perguntas, etc. 

Para conhecer mais sobre o projeto, acesse o Instagram @inclusaodescomplicada. E amanhã, estará disponível no nosso canal do Youtube, Mural da Ana Paula, uma entrevista na íntegra onde Selene compartilhou muitas experiências. Anota na sua agenda para não esquecer!

 

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