
Parte 2 – Califórnia
Após uma leve pausa do Mural, voltamos com nossa lista de filmes sobre “adolescência, amadurecimento e rock n’ roll”. Na Parte 1 indiquei “Quase Famosos” (dê uma passadinha lá para refrescar a mente). E agora voltamos com a Parte 2 com a dica do filme “Califórnia”.
Esse filme foi uma grata surpresa que assisti este ano. Califórnia pode enganar pelo nome mas é uma produção brasileiríssima, de 2015, dirigida por Marina Person (filha de Luís Sérgio Person, diretor de um dos meus filmes brasileiros preferidos “São Paulo, Sociedade Anônima” (1965). No longa, acompanhamos a vida da adolescente Estela (Aren Gallo) que, no início dos anos 80, vive aquelas típicas crises de identidade, conflitos amorosos e claro: aquela sensação de que talvez ela não se encaixe bem no que as pressões da sociedade (e da idade) esperam dela.
Mas por que esse nome Califórnia se o filme se passa no Brasil? Ora, o sonho da Estela é conhecer o famoso estado americano onde nos anos 80 borbulha uma nova leva de bandas de rock, e mais importante ainda, onde mora seu amado tio Carlos (Caio Blat). A jovem, ao invés da famosa festa de 15 anos, escolhe uma viagem para conhecer a Califórnia ao lado do tio, e quem sabe assim, se sentir mais pertencente ao clima californiano. O tio, por sua vez, é a grande inspiração da moça, moldando seu gosto musical, com influências como David Bowie, Joy Division e Red Hot Chili Peppers. Além disso, Estela ganha até um poster de um filme dos irmãos Coen que na época despontavam em suas carreiras como cineastas.
A espera pela viagem só é amenizada, talvez, pela amizade que Estela nutri com JM (Caio Horowicz), aluno novo na escola, e que tem todo aquele mistério e estilo não convencional. Além do gosto musical, JM tem um comportamento fora dos padrões, seja no figurino, na sexualidade, ou simplesmente, no jeito com que encara o julgamento dos outros a respeito de sua personalidade. O garoto não dá a mínima, e Estela fica intrigada e gosta da autenticidade do jovem.
O grande porém, é que quando a viagem de Estela está quase chegando perto de acontecer, as coisas não saem bem como o planejado, e é a partir daí que ela tem que enfrentar as dores e (menos ainda) os sabores de amadurecer. O bom é que isso acontece ao som de hits como Você não soube me amar, da Blitz, De Repente Califórnia, do Lulu Santos, Temptation, do New Order, The Carterpilar, do The Cure, Não Vou me Adaptar, dos Titãs, entre outros clássicos mesclando rock nacional e internacional. O filme está disponível na plataforma de streaming Netflix.