Vanessa Passos: Quem é Elaine Kriss?
Elaine Kriss: Eu sou mulher negra, mãe de uma menina de 2 anos que se chama Alana. Nasci em São Bernardo do Campo, São Paulo, e moro há mais de vinte anos no Recôncavo baiano, em Muritiba. Sou graduada em Letras pela UEFS e especialista em Literatura e Linguística pela UFBA.
Sempre vivi entre histórias. Ainda menina, criava narrativas em que os meus bonecos eram os personagens. E o meu pai contava histórias engraçadas, com rimas e ritmo. Era um momento feliz de encontro e afetividade. Nos primeiros anos de escola tive a sorte de ter uma professora que gostava de ler histórias na biblioteca para nós. Desde cedo aprendi a amar a biblioteca.
Vanessa Passos: Quando começou a escrever?
Elaine Kriss: Entre onze e doze anos, eu já escrevia versinhos rimados no caderno e minhas amigas copiavam.
Viemos morar na Bahia e meus pais passaram por uma crise financeira e tiveram que voltar para São Paulo para trabalhar, deixando eu e minha irmã aqui na Bahia. Após um ano de saudade, escrevi uma carta que emocionou minha mãe, e rapidamente, ela veio nos buscar. Então, eu descobri o poder que mora na escrita, me encantei e comecei a escrever, usando as propostas do livro didático. Aos quinze anos, eu decidi que queria ser escritora, e comecei a escrever o meu primeiro romance. Eu queria mudar o mundo! Mais tarde vim saber que o que eu poderia fazer, era ajudar a mudar os pensamentos e as emoções das pessoas, e que isso refletiria em comportamentos e atitudes melhores. E fiquei feliz com essa possibilidade.
Vanessa Passos: Quais os gêneros você escreve?
Elaine Kriss: Poesia, novela infantil e juvenil de mistério e drama.
Vanessa Passos: O que ou quem te inspira a escrever?
Elaine Kriss: As conversas, os acontecimentos da vida, as histórias das pessoas que amo ou tenho a oportunidade de conhecer, os filmes, os livros, a imaginação, a minha história de vida…
Vanessa Passos: Como funciona o seu processo de criação?
Elaine Kriss: Muitas vezes, no meio de uma conversa, de um pensamento, ou quando estou escrevendo surge uma ideia de uma história. Eu anoto e vou criando os detalhes, mentalmente. Aos poucos, vou anotando até ter o suficiente para escrever. Nesse tempo vou me fazendo perguntas, e deixo as respostas virem com calma.
E quando está claro o que quero escrever, acordo todo dia às 5horas da manhã, e escrevo.
Vanessa Passos: O que te motiva a escrever?
Elaine Kriss: A escrita para mim é terapia. É uma maneira de acalmar a minha mente ansiosa, curar as minhas dores e ajudar a curar as dores dos outros.
Através dela, posso criar situações, em que crianças e adolescentes tenham experiências imaginárias e sejam tocadas em suas emoções e sensibilidades, amadureçam e ampliem seus olhares.
Me motiva, encantar os leitores e ajuda-los a encontrar-se consigo mesmo, com suas verdades, com seus sonhos, com os seus mistérios…
Vanessa Passos: Já teve ou tem algum bloqueio criativo? Se sim, o que você fez para superá-lo?
Elaine Kriss: Quando fico muito tempo sem escrever, ao retornar a escrita percebo um bloqueio criativo. Quando isso acontece, volto-me a uma história, que havia começado anteriormente, ou para o resumo de uma história guardada e vou escrevendo devagar, pensando nela, até que a imaginação vai voltando e a história vai se misturando as minhas emoções e ganhando impulso.
Geralmente, acordo às 5 horas da manhã e escrevo uma hora por dia. Essa rotina ajuda a manter vivo o fluxo de escrita.
Vanessa Passos: Agora, nos fala um pouquinho sobre as obras que escreveu.
Elaine Kriss: No meu primeiro livro “ As cores do vento”, reuni poesias escritas durante uma média de uns dez anos.
Participei de algumas coletâneas, entre elas, dois exemplares da Feira do Livro de Feira de Santana, onde publiquei contos; participei também da coletânea “Oito histórias que vão dar o que falar”, onde publiquei, “As aventuras de Alan”, um menino que cuida de um câncer no hospital, onde ele fantasia muitas histórias.
Atualmente, estou com a pré-venda do livro “Lalá, cadê você?”, que irá até o dia 12 de junho, com 5% de desconto e um lindo dedoche da personagem Lalá. O livro conta a história de uma amizade entre Flavinha, a cachorrinha lalá e o ursinho Lupe, que ajuda a menina a superar sentimentos e emoções negativas, provocadas pela pandemia. As aulas retornam e Lalá acompanha Flavinha, porque a menina se sentia só. E a escola toda se apaixona pela cachorrinha que tem um segredo, que os adultos não podem saber. Um dia, de repente, Lalá desaparece, sem deixar rastros. E todos saem à sua procura. Uma história cheia ternura e mistério.
Vanessa Passos: Para você, qual a importância da leitura?
Elaine Kriss: A leitura nos permite conhecer muitos lugares e viver experiências, que não seria possível na realidade, e que nos ajuda a amadurecer e equilibrar nossas emoções e afetividades.
Nela nos encontramos com nossas verdades e inquietações, podemos sentir a dor do outro, ampliar o nosso olhar, vencer preconceitos e mudar comportamentos e atitudes inadequados.
E para as crianças é essencial, pois ela ajuda no desenvolvimento da inteligência abstrata; desperta a curiosidade, a criatividade e a imaginação; melhora a comunicação verbal e oral; e amplia a visão de mundo, ajudando a ter mais liberdade.
A leitura nos ajudar a educar as pessoas para que elas sejam melhores e tenhamos um mundo melhor.
Vanessa Passos: Qual mensagem você quer deixar para os seus leitores?
Elaine Kriss: Incentive desde cedo o hábito da leitura no seu filho, pois esse é um presente que ele levará para toda sua vida. E quando for escolher um livro para ele, busque com o olhar da criança histórias e poesias que vão ajudar no seu desenvolvimento como pessoa, mas que também seja uma viagem inesquecível, que faça parte do seu brincar, e encha seu coração de sentimentos bons e encantamento, para que ela termine aquela história com vontade de ler outros livros, e seja uma criança feliz.