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Por que música não é apenas “música”

   A coluna musical dessa semana está um pouco diferente das demais, mas é por um motivo muito bom. Para os apaixonados por música, a questão apontada no título do texto pode parecer muito óbvia, mas às vezes ainda escutamos frases que acabam por “banalizar” a arte de se fazer canções, compor letras e organizar arranjos instrumentais. A música é uma temática muito abrangente, que engloba diversos aspectos sociais e culturais, mas é sempre interessante se aprofundar no que essa forma de expressão artística pode realmente significar, e é isso que vou fazer nesta publicação.

   Para começar, a música é, provavelmente, uma das formas mais intimistas de se produzir arte. Isso porque é uma obra que trabalha um dos nossos sentidos mais apurados: a audição. Claro, as outras formas de arte são importantes e muito imersivas, mas a música tem uma essência própria, que muitas vezes nos transporta para o íntimo de quem a produziu de uma forma diferente.

   A música é versátil e muito democrática. Não é à toa que podemos ver produções para todos os gostos, algumas de qualidades maravilhosamente elevadas e outras… Bem, outras nem tão boas. Mas, como uma boa democracia artística, sempre há uma canção que seja do agrado de um público, não importa do que ela fale ou como ela soe. Quase como uma pessoa, que pode ter características variadas, excêntricas ou minimalistas, mas que, ainda assim, vai atrair algum indivíduo.

   A música consegue quebrar barreiras linguísticas, culturais e sociais muito facilmente, se inserindo em vários locais, como a luz do sol que entra pela fresta de qualquer brecha que surgir. Ela tem a capacidade de se encaixar em cenários variados, fazendo parte diretamente da trilha sonora da vida de várias pessoas. De fato, estou romantizando a música ao máximo nesse momento, mas faz sentido quando paramos para pensar em sua aplicabilidade.

   A música fez parte da história da humanidade em diversos momentos, e a história fez parte da música. Desde cânticos até marchas em períodos de guerra, casamentos reais e hinos. A arte musical tem o dom de relatar passagens históricas de várias civilizações apenas com o entoar de palavras ou de sons. A atemporalidade de produções musicais é uma das principais características dessa forma de expressão artística.

   Não é apenas um som, é memória, recordações, uma viagem no tempo. Quantas vezes você, querido leitor, não deve ter escutado uma canção de décadas passadas e se sentiu nostálgico por um período nunca vivido? Esse é um dos poderes que a música detém sob seu domínio, o teletransporte. É engraçado, não?

   Mas além de ser cômico, é incrível. Por isso, quando alguém fala que uma música é apenas “uma música”, é possível que essa pessoa esteja um pouco equivocada. No mínimo. Música é muito mais do que apenas sentar e escrever, pensar em um instrumental ou um riff para compor sua estrutura. É pôr alma, mente e coração em prol da arte, com intuitos que podem ser diversos, mas que sempre alcançam uma pessoa de forma individual e específica.

   Ah, outro poder da música. O poder de ter milhares de interpretações, significados e mensagens. É o tal experimento do “eu entendi isso com essa canção, mas você entendeu outra coisa”. Você nota, leitor, como essa arte é complexa e ao mesmo tempo tão simples de se compreender? É por isso que a música não é só música. É muito mais do que isso. É íntimo, sentimento e vivência. Não é à toa que é a primeira arte.

 

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