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O papel de Heitor Villa-Lobos na Semana de 22


   Heitor Villa-Lobos é uma figura notável da música brasileira, e isso é evidente ao analisarmos diversos aspectos de sua carreira e contribuição para a música nacional. Não é a primeira vez que produzo uma coluna sobre o artista, pois sua importância não deve ser medida em apenas alguns trechos, mas em diversos artigos e documentos que apresentam o porquê do maestro ser tão influente para a cultura brasileira. A semana de 22 foi um evento realmente importante para a construção da identidade de diversos artistas célebres atualmente, entre eles estava o músico, Heitor Villa-Lobos, porém, não é todo mundo que conhece sua trajetória, bem como suas obras, e principalmente, sua importância na Semana de Arte Moderna, portanto, vou falar um pouco sobre ele.

   A Semana de Arte Moderna tinha a premissa de ser um evento revolucionário para a cultura brasileira. Estamos falando de uma época em que o que chamava a atenção em relação à cultura nacional era tudo o que não era produzido no Brasil, mas sim no exterior, principalmente na Europa. A elite ditava o que era relevante e o que poderia ser descartado, e por isso, davam preferência ao que vinha do estrangeiro, em uma espécie de “síndrome de vira-lata” à moda antiga.

   Era como se o que fosse feito aqui não fosse bom o suficiente, considerando todo o reconhecimento histórico e internacional que obras feitas na França e na Itália, por exemplo, recebiam de várias partes do mundo. Porém, ao obterem esse viés, os apreciadores de arte não enxergavam os grandes feitos artísticos que eram realizados no país por artistas brasileiros. A Semana de 22 mostrou para o público o que seria o “Brasil” em forma de arte e o que seria de fato a arte brasileira.

   Como grande parte das pessoas sabe, quando a Semana de Arte Moderna ocorreu, muitas pessoas não gostaram do que era transmitido, cantores com músicas nacionalistas, pinturas extravagantes, entre outras formas de arte, chegaram a ser subestimadas pelo público na época. Entretanto, anos depois essas obras ganharam a atenção de pessoas influentes, logo sendo conhecidas pela população e conquistando a relevância que tem nos dias de hoje. Muitos artistas musicais da época se destacaram como inovadores por terem moldado a forma de fazer música, a transformando em algo acessível nos ouvidos da população, pois falavam de aspectos do dia a dia de quem mora no país, bem como sobre fatos históricos e culturais.

   Um desses artistas era o maestro Heitor Villa-Lobos, que como o gênio musical que era, apresentou obras polêmicas que citavam o folclore brasileiro, características culturais brasileiras, entre outros fatores. O artista estava em busca de construir uma identidade nacional para a música, o que realizou com seu grande talento e influência na área musical. Heitor Villa-Lobos era um músico famoso no período, por apresentar com maestria a música clássica em várias partes do mundo, mas seu intuito na Semana de 22 ia além de reproduzir obras eruditas, alcançando uma grande relevância histórica ao apresentar composições que representassem o Brasil para quem apreciava a música europeia.

   Uma das principais atrações do festival de arte foi sem sombra de dúvidas o maestro. E não foi à toa que o terceiro dia do evento foi voltado quase que inteiramente para a apresentação de Heitor Villa-Lobos. O artista desconstruiu o tradicionalismo e o estrangeirismo na música clássica brasileira, mas apesar de seu feito, na época, outra coisa chamou bastante a atenção do público: seu figurino. O maestro estava com um calo e havia subido ao palco com uma roupa um tanto incomum, com um pé usando chinelo e o outro com outro calçado – o que causou uma comoção coletiva diante de uma indumentária pouco “apropriada” para tal espetáculo.

   Entretanto, apesar de curiosidades como essa , sua influência na música erudita brasileira é consagrada, grandiosa. É referência para a composição de obras musicais aclamadas em várias partes do mundo. O papel de Heitor Villa-Lobos na Semana de 22 foi simplesmente (com ênfase nessa palavra, pois de fato apresentou-se de forma simples) o de conferir à música erudita brasileira um viés, uma marca nacional. O maestro notou que o que vinha do Brasil era tão importante quanto o que vinha da Europa, e mostrou para o país que a qualidade da música brasileira não era menor, muito pelo contrário, era ainda mais importante e influente para a cultura nacional por sua legitimidade.

 

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