O que é etarismo? A resposta poderia ser: discriminação entre indivíduos ou grupos etários com base em esterótipos associados a idade. Essa resposta estaria ok. Porém, vou usar alguns exemplos recentes. O que aconteceu na gravação do filme Top Gun: Maverick, por exemplo, onde a continuação do filme retorna com o ator Tom Cruise, como foi nos anteriores.
O mesmo não aconteceu com a atriz Kelly McGillis, que fez par romântico com Tom Cruise nos primeiros filmes da saga. Tom Cruise, com seus sessenta anos, continua com o papel principal. Indagada sobre sua volta na continuação do filme, a atriz respondeu que nem foi procurada e que para os olhos da indústria cinematográfica, “ela está velha e gorda”.
A empresária Zilu Godoi, no auge de seus 64 anos, decidiu mudar o visual e optou por uma franjinha. Ela postou nas suas redes sociais e muitos dos seus seguidores aplaudiram. Mas não faltaram as críticas do tipo: “não condiz com a idade” e vários outros sempre recheados de etarismo. Vale lembrar que nesse tipo de descriminação relacionado a idade, o principal alvo é a mulher.
O que choca é que a mulher sofre etarismo por parte de outras mulheres. Recentemente, a estilista Carolina Herrera, que já foi considerada uma das mais elegantes do mundo, e há mais de quarenta anos continua vestindo e maquiando estrelas e mulheres da alta sociedade, declarou que “apenas mulheres sem classe mantêm os cabelos longos após os 40”.
O etarismo do dia a dia na vida da mulher que tem mais de 50 anos, vem estampado nos anúncios de emprego, quando especificam a idade. Está em frases do tipo “você não tem idade pra isso”, “mas na sua idade não fica bem” e tantos outros milhares de exemplos, carregados de discriminação. Obstáculos que precisam ser vencidos, para que a mulher continue atuante no que ela quiser e decidir fazer. Como disse o Rei Roberto Carlos em uma de suas canções: “para o diabo os conselhos de vocês”.
Em uma sociedade onde o homem de cabelos grisalhos é charmoso e a mulher que decide assumir os fios brancos é rotulada de descuidada, é urgente a necessidade de falarmos sobre solidariedade e empatia. Aprendermos com as diferenças e assim combatermos o preconceito, seja ele de qualquer espécie, podemos nos informar e levar um novo olhar sobre o processo de envelhecer com qualidade, produtividade e respeito.