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Ser artista na pandemia

Sempre fui apaixonada pelos palcos, por público, respirar fundo e sentir que naquele momento enquanto danço, nada é normal. Sinto outra dimensão ao meu redor, na minha cabeça, e me distanciar de toda essa sensação não foi fácil.

Sou professora no meu estúdio de dança aqui da cidade, vivia rodeada de todo tipo de gente, crianças, jovens e adultos, aulas diárias, vários turnos, horas ensinando e dançando, e de um dia para o outro, tivemos que parar. O caos se iniciou, mas a princípio, para mim, eu precisava me tranquilizar, a saúde mental importava mais que tudo, fiquei de quarentena severa por todos esses meses, agora já em novembro, algumas exceções raras para necessidades, mas nos primeiros meses achei que seguraria bem o isolamento, e não foi.

Todo o senso criativo me foi bloqueado, não conseguia criar, desenvolver projetos, optei pelas redes que era o acessível, não funcionava muito, mas, acontece que dançar além do corpo pode te transformar se é isso que você ama fazer, e foi o que fiz e faço, danço, sozinha e com entrega, e se for para tirar algo de bom dessa pandemia que seja de dentro de mim, tenho descoberto formas de pensar diferentes, acho que vem acontecendo com todos, mas tenho agregado esses pensamentos a minha dança também, não de forma direta, como por exemplo fazer trabalhos artísticos baseados na pandemia, não quero isso para mim, mas pensar na nova dança que vem adiante, seres e corpos diferentes quando nos encontrarmos novamente, outra energia, não menor e nem pior, mas reestruturada.

Minha experiência como artista diante da pandemia, posso dizer que foi boa, parece egoísmo da minha parte dizer isso, é claro que toda a tragédia me sensibiliza muito, porém os meus aprendizados diante de tudo para mim foram muito bons, precisei me lançar nas tecnologias para seguir com meu espaço de dança, as aulas online para mim era algo que eu jamais cogitei, mas cá estou, me desafiando nelas, meu senso político diante da arte ficou extremo, e tenho sede maior do que já tinha de agir como percursora cultural na cidade e região onde moro, sinto ansiedade para viver a nova realidade com toda a minha intensidade.

 

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