Não vejo meus amigos há cinco meses, alguns, só falei antes da quarentena… talvez, nem amigos fossem. Durante esse tempo, vi alguns desrespeitanto o isolamento, indo à festas, e outros, entre mensagens saudosas, tentando reavivar a saúde mental. Esse período me deu uma visão mais linear sobre quem é amigo, quem é colega e quem é só conhecido… me fez pôr cada um no seu lugar. E eu nem me esforcei pra isso.
É fácil ser amigo em tempos de distanciamento. Eu sempre fui de estar perto, de lotar a casa de amigos, de diminuir as distâncias e agora, essas distâncias parecem que nunca foram tão longas. Apesar da falta do toque, do olho no olho, as ferramentas digitais nos auxiliam. Não é difícil mandar mensagem, perguntar como está, até fazer uma ligação com amigos não vistos há muito tempo você pode. O difícil é ter má vontade, é não ser amigo de fato. O difícil mesmo é ter amigos em tempos líquidos com os nossos – já diria Bauman –, ainda mais voláteis com a quarentena imposta ao mundo.
Quem são os nossos amigos? Quantos amigos você tem? Quem prefere furar a quarentena só se for pra ver um amigo que realmente precisa? Quem telefona pra você e pra quem você telefona pra saber como está? Quem teve coragem de te abraçar quanto você estava isolado (antes mesmo do período de isolamento)?
Ao contrário do que dizem, ser amigo nunca foi tão fácil. O distanciamento só vale pro físico.