Às vezes parece que era um outro século quando ainda íamos a livrarias, folheávamos páginas e páginas de livros e muitas vezes escolhíamos um exemplar apenas pela sinopse ou a indicação de amigo. Claro, tenho que admitir que são incontáveis os livros maravilhosos que escolhi dessa forma, dando apenas um voto de confiança a um pequeno trecho na contra capa. Também confesso que já fui, e ainda sou, do time de leitores que escolhe um livro pela capa. Mas, apesar da experiência incrível de me perder entre prateleiras em uma livraria, devo admitir que as formas de consumo literário na nossa sociedade, altamente ligada aos meios digitais, teve grandes mudanças.
As transformações começaram há muito tempo, com os booktubers, produtores de conteúdo no Youtube que se dedicam a compartilhar dicas, leituras e experiências do universo literário com seguidores que confiam de olhos fechados nas indicações deles. Eles passaram a ser referências quando os leitores buscavam leituras específicas ou indicações de novas obras, a partir do ponto de vista deles era possível decidir ou não começar um livro. Somando estes produtores com os sites de compra online, adquirir um livro passou a exigir um deslocamento e um esforço bem menor.
Mas a internet está sempre em constante evolução. Com isso, acompanhamos também o surgimento dos bookstagramers, produtores de conteúdo literário no instagram, hoje também encontramos conteúdos literários em podcasts e no TikTok, onde em poucos segundos é possível convencer alguém a ler um livro interessante. E aquelas indicações de leitura que antes só vinham de amigos próximos, passaram a ser encontradas em quantidade na internet. Assim, nossas listas de desejo de livros só cresceram.
O que quero dizer com tudo isso é: hoje temos formas diferentes – e muitas opções – para escolhermos a nossa próxima leitura. Não que as livrarias físicas tenham perdido sua importância, eu, por exemplo, ainda gosto bastante de visitá-las e muitas vezes me permito ser surpreendida com a leitura de um livro que eu nunca ouvi falar. Mas também adoro consumir conteúdos de influenciadores digitais que se dedicam a compartilhar sugestões de livros com seus seguidores e diversas vezes me levam a ingressar em leituras que eu jamais me arriscaria.
Um fato é que as redes sociais permitem a criação de uma rede de incentivo à leitura diferente do que seria possível no passado. As redes sociais conectam pessoas, assim como os livros também nos conectam. Como li uma vez em uma obra, “o amor à literatura cria um laço entre as pessoas, um tipo de identificação única”, e o mais bacana de criar esses laços na internet é justamente poder propagar conteúdo literário rapidamente para um grande número de pessoas que podem ser impactadas pela leitura.
E, além de encontrarmos muitas pessoas falando sobre livros, hoje também temos um grande leque de oportunidades na hora de nos aventurarmos na literatura. Podemos viajar por meio de livros físicos, ebooks e até mesmo audiobooks. Com os avanços tecnológicos e digitais, temos a chance de tornar a leitura muito mais democrática. O que nos faz retornar ao foco: ler, porque a literatura transforma.