Hoje a cidade de Fortaleza comemora 294 anos e, sem dúvidas, é uma data muito importante. Fortaleza é uma parte de nós e nós somos uma parte dela. Como forma de homenagem, nós do Mural da Ana Paula, escrevemos textos demostrando nossa relação com a cidade e nosso sentimento por ela. Confira!
{Fortaleza para Ana Paula}
Hoje, minha cidade faz aniversário e, em “quarentena”, recebe a notícia da morte do cantor e compositor Moraes Moreira. Impossível não ligar uma coisa à outra. A celebração da vida justifica a dor da ausência. Nasci em Fortaleza e vê-la resistir ao tempo e aos ataques de quem por ilusão pensa ter sua posse me enche de orgulho. Gosto muito dessa cidade que de tão imperfeita parece humana e assim permite que eu me reconheça nela. Reconhecimento que implica em autocrítica e, paradoxalmente, em certa leniência. Seus bairros são como os mais diversos aspectos de mim. De alguns, gosto muito. De outros, nem tanto. Chão da minha história, Fortaleza é um convite permanente ao autoconhecimento. Celebrar sua existência é acolher o contraditório e apostar na força do porvir. Em sua homenagem, Moraes Moreira:
“A cidade é assim
A mulher e a cidade
Representam pra mim
Amor e liberdade
A cidade é uma moça
Também não tem idade
É o espírito a força
Da mocidade...””
{Fortaleza para Letícia}
Desde criança eu costumava viajar muitas vezes até Fortaleza para visitar alguns familiares que moravam aqui. Claro que, para uma menina criada em uma cidade de interior, visitar a capital era um verdadeiro evento. Anos depois passei a olhar para a cidade do ponto de vista de um morador local e é incrível como tudo muda. Hoje, Fortaleza para mim representa crescimento, amadurecimento, e uma etapa na busca pelos meus sonhos. Fortaleza deixou de ser férias e virou realidade.
Do trânsito caótico até as programações de uma noite de quarta-feira, continuo achando a cidade linda e cheia de oportunidades. Meu passeio favorito deixou de ser o shopping e virou mais praia e outros espaços ao ar livre. Acredito que tantas horas dentro de ônibus contribuíram para isso, mesmo assim ainda é dentro dos coletivos que descubro uma boa parte do que a cidade tem para revelar. Se fosse para escolher um lugar como o meu favorito eu diria: o pôr-do-sol na Beira-Mar visto de um barquinho de pescador no Mercado dos Peixes.
Enfim, da Avenida do Aeroporto às 7h da manhã até a praia do Futuro em uma manhã ensolarada de sábado, eu amo Fortaleza – de um jeito peculiar – por tudo que ela representa, mas também acredito que está bem longe de ser minha última estação.
{Fortaleza para Lianne}
Sou Fortalezense. É. Nasci em Fortaleza e não tem quem diga, porque eu só falo de Jaguaribara e minha alma é um sertão. Mas, meu coração também é alencarino. Fortaleza me abrigou e abrigou meus sonhos também. Fortaleza me recebeu de volta. Fortaleza me mostrou que o mundo é muito mais que o que eu pensei. Fortaleza me deu sonhos e mostrou que eu posso ser muito mais que a mentalidade pequena de uma cidade pequena. Fortaleza me deu uma nova fase da minha vida. Fortaleza me deu um novo eu. Um eu corajoso, determinado, e muito mais preparado pra viver.
Lembro de que, quando cheguei em Fortaleza de “mala e cuia”, em 2017, tinha medo de andar de ônibus. Depois de um tempo, adquiri, sozinha, coragem e maturidade pra isso. Hoje, vou ao centro – um dos lugares que mais gosto aqui – e percebo o mundo. Fortaleza tem gente de todo jeito. Um tempo desses, numa dessas idas ao centro, vi uma família de refugiados cantando “pra não dizer que não falei das flores”. Em tempos difíceis como o nosso, Fortaleza me deu esperança. Fortaleza também me deu saudade. Fortaleza me deu pessoas incríveis.
Mas a coisa mais preciosa que Fortaleza me deu foram minhas asas. Apesar da insegurança, sentir o vento bater no meu rosto após caminhar com meus próprios pés é uma coisa que, sem dúvidas, me dá um certo alívio. Saber que posso ser maior é incrível.
Obrigada, Fortaleza, que mesmo com todos os defeitos, continua sendo muito amada.