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Entrevista com Oziel Herbert

Escritor Oziel Herbert. Foto: reprodução

Vanessa Passos: Quem é Oziel Herbert?

Oziel Herbert: Essa é difícil. Tenho percebido que mudei muito ao longo da vida e acho que é algo que vai continuar acontecendo, sabe? Até porque, se não fosse assim, tudo ia ficar muito chato, né? Então, por enquanto, Oziel Herbert é uma escritora de ficção científica, horror e fantasia. Uma pessoa trans não binária que tem dias que tá mais masculina e tem dias que tá mais feminina. Um fã de Octavia Butler, Machado de Assis e Neil Gaiman. Um apaixonado por cinema de animação e que precisa urgentemente comer menos doces, pois tem histórico de diabetes na família.

Vanessa Passos: Quando começou a escrever?

Oziel Herbert: Quando tinha uns 16, 17 anos. Na época o Rick Riordan estava no auge e eu até fiz minha própria fanfic de Percy Jackson e os Olimpianos.

Vanessa Passos: Quais gêneros você escreve?

Oziel Herbert A trindade da ficção especulativa me atrai muito. Ficção científica, fantasia e horror foram o que mais escrevi na vida. Nos meus próximos trabalhos pretendo explorar especificamente o Sertãopunk e Solarpunk por conta do manifesto refuse distopia que se propõe a pensar mundo em que a humanidade venceu seus maiores problemas atuais, a emergência climática e as heranças racistas do capitalismo e do colonialismo.

Vanessa Passos: O que ou quem te inspira a escrever?

Oziel Herbert: Sonhos. Desde menine eu tenho sonhos muito, mas muito intensos. E mesmo hoje tem vezes que é bem difícil pra mim distinguir, especialmente nas primeiras horas do dia, se eu tô sonhando ou acordada.

Vanessa Passos: Como funciona seu processo de criação?

Oziel Herbert: Ao sair do mundo dos sonhos inspirada eu anoto os elementos principais da história no caderninho. Depois começo a passar essa ideia inicial, mais abstrata e sensorial, por estruturas literárias. Daí em diante eu vou engrossando a história. Sinopse vira argumento, que vira capítulo, que vira conto. Quando os sonhos não rolam – nem só de inspiração pode viver o artista – eu gosto de usar o princípio da aleatoriedade. Jogar dados, abrir livros e garimpar palavras, pegar sistemas de sorteio temáticos online.

Vanessa Passos: O que te motiva a escrever?

Oziel Herbert: Não sei se por conta do bullying ou de outros traumas de criança queer, mas o mundo real sempre me pareceu perigoso, sabe? Habitar esse plano da existência sempre foi um pouco doloroso e desconfortável. Escrevo pra fugir. Pra fazer meus mundos com as minhas regras e me divertir dentro deles.

Vanessa Passos: Já teve algum bloqueio criativo? Se sim, o que você fez para superá-lo?

Oziel Herbert: Quem nunca, né? No meu caso eu peço pras pessoas darem uma olhada no que estou fazendo. Especialmente pessoas críticas e em quem eu confio. Pessoas que sei que não vão me elogiar a toa e vão dizer tintin por tintin tudo que está estranho, incompreensível ou mal colocado na obra. Às vezes, incendiar as coisas também ajuda. Pro meu primeiro romance ser finalizado eu tive que literalmente apagar quase 10.000 palavras as quais eu estava apegado demais pra perceber só estavam atrapalhando minha escrita.

Vanessa Passos: Agora, fala um pouco sobre seus livros.

Oziel Herbert: Por enquanto não tem nenhum. O primeiro, Asas Quebradas, tá em pré-venda no catarse e conta a história de 3 borboletinhas que querem se tornar imortais e que para isso precisam enfrentar o Pássaro Preto, um poderoso deus da morte. É uma aventura fantástica inspirada nas fábulas de Esopo, mas que tem uma pegada sombria típica das narrativas de Neil Gaiman. Fala sobre mortalidade, fé, ancestralidade e família. É daquelas histórias que parecem infantis, mas que os adultos e jovens também vão adorar. Além de Asas Quebradas eu tenho vários contos espalhados por aí em coletâneas e outro em zines que vendo na rua pra ajudar a bancar minha vida universitária.

Vanessa Passos: Para você, qual a importância da leitura?

Oziel Herbert: Difícil de responder essa também. Mas penso que é bem aquela vibe que o George RR Martin falou. O leitor vive mil vidas, né? E num mundo às vezes tão difícil de viver como o nosso, abrir essas janelas para outros mundos, passear neles e voltar é uma das sensações mais maravilhosas de todas. Acho que essa é a melhor resposta que consigo oferecer.

Vanessa Passos: Qual mensagem você quer deixar para os seus leitores?

Oziel Herbert: Apoiem Asas Quebradas no Catarse.

 

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