No mês de novembro, foi lançado na plataforma da Netflix, o filme brasileiro “Amor Sem Medida”. A comédia romântica consiste numa história, protagonizada por Leandro Hassum e Juliana Paes, sobre uma advogada que se apaixona por um cardiologista de baixa estatura. A partir daí, a produção desenvolve o conflito clichê típico de filmes do gênero: seguir o coração ou ceder ao julgamento social?
É válido lembrar que a história já é relativamente conhecida. O filme brasileiro é um remake da produção argentina “Corazón de León”, que estreou em 2013. Aqui, não se entra no mérito da qualidade artística da produção, mas do debate referente aos desafios de inclusão e representatividade provocados pela abordagem do longa-metragem.
Desdobramentos
Alguns dias depois do lançamento, a atriz Juliana Caldas, que possui nanismo, fez críticas ao tratamento que o filme dá à questão da baixa estatura do personagem, alegando que é feito um retrato preconceituoso sobre as pessoas com deficiência (PCD).
Em vídeo compartilhado no Instagram, Juliana reclamou da produção ter escolhido um ator sem representatividade para interpretar o personagem. O ator protagonista teve sua altura diminuída por computação gráfica. “É um absurdo, a gente tenta lutar por respeito, pelo nosso espaço. Por exemplo, um espaço que poderia ter tido um ator realmente com nanismo no filme, não teve”.
Além disso, a artista alertou para o fato de boa parte das piadas do filme serem depreciativas com o público PCD. Segundo ela, as pessoas não se importam com piadas capacitistas, mas se fossem racistas, homofóbicas ou gordofóbicas, o assunto possivelmente seria levado mais a sério. Quando a gente fala sobre o nanismo, a maior parte das vezes é nessa forma de piada e totalmente capacitados e preconceituosa. O nanismo é considerado uma deficiência. Aí você rir disso hoje em dia não dá mais para aceitar”.
O ator Leandro Hassum, por sua vez, sentiu os comentários críticos sobre o filme e se manifestou sobre o assunto com um pedido de desculpas. “Sinto muito de verdade, pois jamais quero, através dos meus filmes e arte, causar dor. Ao contrário, meu propósito sempre será divertir, entreter, pois acredito no humor agregador para a família toda”.
O artista, entretanto, falou que a produção não propaga estereótipos preconceituosos e enalteceu sua proposta. “O filme conta uma história de amor, de pertencimento e de inclusão, valorizando as capacidades de seus personagens e repudiando qualquer preconceito, de qualquer espécie”.