O feminismo é um despertar político que te faz revisar muitas coisas, fato. Mas é preciso coragem para tentar interromper comportamentos opressores que estruturam a sociedade. E é essa coragem que vemos em Moxie, o novo filme original da Netflix.
O longa nos conta sobre Vivian (Hadley Robinson), uma jovem esquiva e introvertida que vive com sua mãe Lisa (Amy Poehler) e tem apenas uma amiga, Claudia (Lauren Tsai), com quem cumpre o compromisso silencioso de se manter longe dos holofotes na escola. Até que uma nova aluna, Lucy (Alycia Pascual-Peña), manifesta desconforto e indignação com os assédios dos estudantes e promove em Vivian inquietações que levam ao súbito interesse pelas pautas feministas.
Inspirada nos zines que sua mãe elaborou na adolescência, Vivian cria o Moxie, uma espécie de jornal independente e anônimo com o objetivo de expor abusos e violências naturalizadas (especialmente por parte da direção da escola) no ambiente escolar. O impulso organizado por Vivian dá origem a um poderoso movimento que providencia às estudantes a ousadia necessária para esbravejar contra o desrespeito e a negligência a que foram sentenciadas.
No centro desse movimento, um grupo de garotas é formado. Carregando o mesmo nome do zine, Moxie é plural e evidencia as múltiplas trajetórias e vivências no feminismo, o que demonstra a necessidade de se compreender que o movimento é feito de complexidades e urgências diferentes. O filme, cuja direção é assinada pela também atriz – e gênia – Amy Poehler, é bastante didático e perspicaz ao ilustrar essas questões.
Moxie, à primeira vista, tem uma aparência despretensiosa. Talvez pela essência teen e sua ambientação, eu não esperava tamanha seriedade. Fiquei surpresa ao me deparar com uma trama inteligente, interessante e extremamente necessária. O que um levante feminista de jovens no auge dos seus 16 anos tem pra nos contar é simples, mas potente: a ocupação de si transforma o jeito que ocupamos os espaços.
Confira o trailer: