Contabilizando as vidas perdidas nesta pandemia, penso nos meus avós e sinto certo alívio em saber que eles não precisarão ter medo e sofrer com tudo que estamos passando.
Viveram o que lhes coube viver, enfrentaram seus dragões, partiram e permanecem seguros na minha memória. A herança deles pulsa intensamente em mim.
Temos nos encontrado em sonho de forma recorrente. São enredos fantásticos nos quais um ou outro sempre aparece para me lembrar do meu papel naquela dimensão paralela onde tudo pode acontecer.
Acordo com a saudade que fundamenta meu compromisso em seguir enfrentando os desafios do meu tempo como reconhecimento à história de cada um que garantiu minha estada nesse mundo.
Cada emoção que me assola evoca minha ancestralidade. Mesmo distante da maior parte das pessoas que amo e convivo, me sinto acompanhada – o que reforça minha responsabilidade em seguir ofertando, da melhor forma que posso, o tanto que recebi.
Do meu lugar, no meio do caos e de tantos perigos, lembro do que não vivi e acolho o presente. Escuto o recado que o vento traz e invisto no que pode vir a ser sem esquecer dos que foram, do que sou, do que somos.