Há pouco mais de uma semana entramos em um novo ano. Sem dúvidas, 2021 foi esperado com expectativa e esperança de que, no badalar do sino, tudo mudaria. Como um passe de mágica em um filme de contos de fadas, a maldição estaria quebrada e os mocinhos viveriam os dias de glória.
Ainda que estivéssemos deixando para trás uma ano resumido em “atípico”, as comemorações de fim de ano não pareceram tão atípicas assim. Pessoas se reuniram, celebraram a passagem, comemoraram, aglomeraram. Uma semana depois não podemos mensurar os impactos dos momentos de festejo, mas em número gerais, a pandemia, que não acabou apesar de muitos acreditarem nisso, já deixa 1.932.948 mortos no mundo, com o Brasil respondendo por 202.631 vidas perdidas até o dia 10 de janeiro de 2021.
Longe de ser hipócrita em julgar aqueles que ansiavam pela chegada do novo ano, afinal eu também alimentei minha mente por diversas vezes com a ideia de que a culpa da desordem no mundo ficava na conta de 2020. Mas a verdade é que ele ficou para trás e mesmo assim sigo me perguntando: o que temos de novo?
O número de pessoas mortas segue nos acompanhando dia-a-dia, conhecidos que lutam por suas vidas em leitos de hospital, as brigas políticas acima do bem social e o nosso tão conhecido negacionismo. Continuamos, em 2021, vivenciando a onda de pessoas que insistem em negar a existência do vírus, e preferem reduzi-lo a brigas e ideologias políticas, como se fossemos incapazes de olhar para outro. Como se fossemos não, de fato somos incapazes de olhar além de nós mesmos.
Enquanto se discute o básico, cientistas alertam para as mutações e precisam, aos gritos, defender a vacina. Os dias de incerteza seguem crescentes, mas as pessoas vivem suas vidas como se milhares não estivessem deixando de respirar. Normalizamos o que nunca deveria ser normalizado. Vivemos na selvageria da sobrevivência, passando cada segundo pensando em chegar até o próximo e assim por diante.
Na meia noite do dia 31 de dezembro, fogos, gritos e comemorações ao redor do mundo marcaram a celebração no ano pesaroso que ficava para trás. Mais de uma semana desde então, continuo a me perguntar: o que temos de novo?