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5 POEMAS MARGINAIS

Movimento literário brasileiro que surgiu na década de 70, a Poesia Marginal pode ser considerada um grito em resposta à censura e conservadorismo impostos pela ditadura militar. Representando a contracultura da literatura nacional, os poetas marginais possuíam uma escrita moderna, de verso livre e fora dos padrões da academia. Os artistas eram responsáveis por todo o processo de produção e recorriam a meios alternativos, publicando textos através do mimeógrafo (espécie de ancestral da xerox) divulgando por conta própria e comercializando de mão em mão. 

Ao propor uma inovação literária rompendo com a tradição, a Poesia Marginal revolucionou o fazer poético e a relação das pessoas com a poesia. Para celebrar tal feito, o Mural separou cinco poemas filhos do movimento. Confira:

 

  1. Tenho uma folha branca

e limpa à minha espera:

mudo convite

tenho uma cama branca

e limpa à minha espera:

mudo convite

tenho uma vida branca

e limpa à minha espera.

(Ana Cristina César)

 

2. Cogito (Torquato Neto)

 eu sou como eu sou

pronome

pessoal intransferível

do homem que iniciei

na medida do impossível

 

eu sou como eu sou

agora

sem grandes segredos dantes

sem novos secretos dentes

nesta hora

 

eu sou como eu sou

presente

desferrolhado indecente

feito um pedaço de mim

 

eu sou como eu sou

vidente

e vivo tranqüilamente

todas as horas do fim.

 

3. É PROIBIDO PISAR NA GRAMA

 O jeito é deitar e rolar

(CHACAL)

 

4. Muito obrigado (Francisco Alvim)

Ao entrar na sala

cumprimentei-o com três palavras

boa tarde senhor

Sentei-me defronte dele

(como me pediu que fizesse)

Bonita vista

pena que nunca a aviste

Colhendo meu sangue: a agulha

enfiada na ponta do dedo

vai procurar a veia quase no sovaco

Discutir o assunto

fume do meu cigarro

deixa experimentar o seu

(Quanto ganhará este sujeito)

Blazer, roseta, o país voltando-lhe

no hábito do anel profissional

Afinal, meu velho, são trinta anos

hoje como ontem ao meio-dia

Uma cópia deste documento

que lhe confio em amizade

Sua experiência nos pode ser muito útil

não é incômodo algum

volte quando quiser

 

5. Jogos florais (Cacaso)

Minha terra tem palmeiras

onde canta o tico-tico.

Enquanto isso o sabiá

vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil

ficou moderno o milagre:

a água já não vira vinho,

vira direto vinagre.

Minha terra tem Palmares

memória cala-te já.

Peço licença poética

Belém capital Pará.

Bem, meus prezados senhores

dado o avançado da hora

errata e efeitos do vinho

o poeta sai de fininho.

(será mesmo com dois esses

que se escreve paçarinho?)

 

2 comentários

  1. Pop Ads disse:

    Poxa até que fim encontrei o artigo que estava precisando
    e ajudou muito. Infelizmente na internet e no youtube
    não encontrei bons conteúdos sobre esse assunto.
    Compartilhado nas redes sociais.

  2. 720p disse:

    Enjoyed every bit of your blog article. Really thank you! Cool. Tine Marchall Moyers

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