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Iná Santos: arte e persistência pra continuar

Conheço muita gente através das redes sociais, conheci a Iná através do Twitter. Por termos gostos parecidos, o algoritmo acaba, uma hora ou outra, nos aproximando de pessoas que tem algo a ver com a gente. Sempre vi sua arte através das redes sociais e as admirei profundamente.

Iná Santos (@rarofogo no Instagram) tem 20 anos e cursa Artes Visuais em São Paulo. Assim como tantas outras pessoas que são da arte, ela não escolheu ser. A arte a escolheu. Desde criança, com um pé no imaginário e outro na realidade. E, assim como muitos daqueles que se encontram na arte e não o sabem até o vestibular, teve dificuldades de perspectiva nessa época e acabou passando em Geografia. No entanto, seu amor pela arte falou mais alto e a paulistana se matriculou em Artes Visuais.

A universitária se orgulha de fazer parte da primeira geração da família que teve acesso ao ensino superior e ainda contou com o apoio massivo de todos para seguir aquilo que seu coração a pedia. “Significa muito pra mim poder aproveitar ao máximo essa oportunidade e honrar todo o apoio que tenho”, conta.

Seus desenhos são marcados por serem, em sua grande maioria, femininos. E quando perguntada sobre a inspiração, Iná justifica o olhar voltado sobre ser mulher. “Sou de uma geração que questiona muito as estruturas sobre as quais são moldadas nossa sociedade e acredito que um dos papéis mais importantes da arte é promover o questionamento e estimular a luta pelo o que se precisa ter”, completa.

“A solidão da mulher, a angústia, a culpa feminina, questões de maternidade, a relação da mulher com a casa, com o tempo, o amor entre mulheres e outras questões ocupam também meus textos e poemas”, reflete com a percepção de uma artista nata que não se priva só ao desenho, mas escreve e também se inspira no universo feminino para isso.

Em busca de uma identidade cada vez mais irreverente, a artista experimenta técnicas mas confessa predileção pelo lápis de cor, lápis grafite, giz pastel e tinta acrílica. Quanto ao processo de evolução do seu trabalho, Iná pretende fazer novos desenhos sem perder a conexão com os primeiros feitos. “Acredito que existe uma importância no contato com os primeiros trabalhos e no ato de revisitar a própria trajetória. É essencial não esquecer de onde veio”, diz.

As delícias da arte insistem em permanecer e ganham o poder de dar voz, ocupar espaços e recuperar direitos negados durante toda a vida, em contrapartida, as angústias vêm em seguida, “ver milhões ainda sem voz, sem direitos, tendo seus espaços arrancados pelas mãos da corja genocida e sanguinária que perpetua o ódio e a injustiça é a lembrança de que a luta deve permanecer”.

Nunca houve tempos tão difíceis para os sonhadores, já diria Amélie Poulain, mas a arte permanece e salva. Quanto ao permanecer, inerente ao artista, ela justifica, “o que me motiva é saber que a arte salva, que é ferramenta de luta. Produzir arte é resistência. Produzir arte sendo mulher, preta e homossexual apesar da falta de grana e reconhecimento que se tem neste país é resistência, é um ato político”.

3 comentários

  1. Emillie disse:

    Me sinto inspirada! Adorei

  2. Marlla disse:

    É ótimo ver uma artista tão profunda com tão pouca idade, adorei as obras e as reflexões, parabéns Iná!!

  3. Rocío disse:

    Texto inspirador. Continua assim Iná, seu trabalho significa muito como símbolo de resistência, cada dia construímos caminho juntas como mulheres e abrimos passo para outras. Beijos de luz para vc e parabéns pelo texto Lianne

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