Aos doze anos eu já parecia saber o lugar que queria ocupar no mundo. Era tudo sobre fama e noites de autógrafos cheias de glamour. Queria ser escritora. Naquela época, revelando a imaturidade dos anseios infantis, mal sabia explicar o que me levava a escrever. Aos quinze, escrevia para desaparecer do barulho. Entregue aos exageros, carregada de extremos e existindo nos excessos, eu escrevia. Escrevia, escrevia, escrevia… quase sem me dar conta. Mas nada interrompia o barulho. Quanto mais eu tentava me desprender, mais dentro dele eu me via. Anos mais tarde eu conclui, enfim, que escrevia para sentir o barulho, entendê-lo e traduzi-lo. Nunca foi sobre escapar, mas sim sobre pertencer. E em uma espécie de entendimento súbito e íntimo, a poesia me aconteceu.
Fundamentados no risco, os processos de escrita, por vezes dolorosos, me evocam certezas trágicas e delicadezas transcendentais. Esfomeadas, inquietas e questionadoras. Assim são as palavras que me vestem a pele. Escrevo a legitimidade de encontros, afetos, baques e tropeços. E ainda que o silêncio muitas vezes me pareça mais cômodo e confortável, sigo experienciando o barulho atenta à beleza do caos.
Uma trajetória tímida me trouxe até aqui, onde a partir de hoje, com enorme entusiasmo, passo a integrar o Mural da Ana Paula para compartilhar o que tenho de mais honesto: a escrita.